Aumento de trabalhadores com carteira não elevou renda, e maioria ganha até 2 mínimos, diz relatório
Total de trabalhadores formais aumentou 15% desde agosto de 2019, mas a renda continua baixa, segundo dados do Bradesco
ECONOMIAO número de trabalhadores brasileiros no setor formal tem crescido sistematicamente nos últimos anos, mas o movimento não se refletiu em ganhos de renda tão robustos, aponta a equipe de economistas do Bradesco, em relatório publicado nesta quarta-feira, 16.
Levantamento do banco com base em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) mostra que houve aumento de 8,7 milhões de pessoas ocupadas no País desde 2019, das quais 8,3 milhões eram de atividades direta ou indiretamente formais. O movimento levou ao aumento das taxas de formalização, de 59,2% para 62,2%, no período.
Segundo o Bradesco, o contingente de trabalhadores formais aumentou 15% desde agosto de 2019, enquanto os informais cresceram apenas 1%.
O movimento atinge diversos setores, mas se concentra em quem ganha até dois salários mínimos, diz o banco, o que se reflete em ganhos de renda não tão robustos.
No relatório, o Bradesco destaca ainda que o contingente de trabalhadores formais que trabalham por conta própria subiu de cerca de 18% em 2019 para 26% agora.
“Dentro da categoria trabalhadores formais por conta própria, os microdados também apontam para um crescimento setorialmente espalhado e concentrado na faixa de renda dos que recebem até dois salários mínimos”, acrescenta o Bradesco.
O banco destaca ainda que a ocupação formal representa cerca de 75% de toda a massa salarial do País, nível alcançado antes da pandemia e que se mantém relativamente estável desde então.
“Desde 2019, a massa de formais e informais cresceu na mesma proporção - cerca de 20% em termos reais no período. Assim, embora de um ponto de vista mais geral, o processo de formalização do mercado de trabalho seja um resultado positivo, o aumento da participação de formais ainda não alterou significativamente a dinâmica de evolução da massa salarial”, conclui o relatório.