Tarifa dos EUA paralisa produção de carne em frigoríficos de MS e ameaça exportações
Empresas interrompem envios após anúncio de taxa extra de 50%; setor tenta redirecionar produção para outros mercados
REFLEXOSFrigoríficos de Mato Grosso do Sul decidiram interromper a produção destinada aos Estados Unidos após o anúncio da tarifa extra de 50% imposta pelo presidente norte-americano Donald Trump. Com a medida, considerada inviável economicamente, pelo menos quatro grandes empresas do setor suspenderam as atividades voltadas ao mercado americano. A produção nacional segue ativa e, por ora, não há previsão de demissões.
A paralisação atinge unidades da JBS, Minerva Foods, Agroindustrial Iguatemi e Naturafrig - sendo esta a única a se manifestar oficialmente. A empresa afirmou que cerca de 5% de sua produção tinha como destino os Estados Unidos.
De acordo com o Sindicato das Indústrias de Frios, Carnes e Derivados de MS (Sincadems), a decisão é para evitar o acúmulo de estoque, já que as cargas que chegarem aos EUA após 1º de agosto estarão sujeitas à nova tarifação. A estimativa do setor é que a taxação torne as exportações inviáveis sem uma renegociação entre os países.
Segundo o sindicato, a produção foi interrompida somente nas linhas destinadas ao mercado americano. A estratégia é realocar os trabalhadores para outras frentes de produção, evitando cortes no quadro funcional. Além disso, o comunicado afirma que não haverá demissões e que as indústrias estão se movimentando para redirecionar a produção a outros países e manter os empregos.
O impacto da nova tarifa, no entanto, não se restringe à carne bovina. Outros segmentos também sentem os efeitos da ofensiva norte-americana. Exportadores de mel, suco de laranja e celulose relatam preocupação com a competitividade no exterior diante das novas cobranças.
Dados divulgados no mês passado pela Federação das Indústrias de Mato Grosso do Sul (Fiems) apontam que o complexo frigorífico somou US$ 829 milhões entre janeiro e maio. Os principais produtos foram carnes desossadas congeladas e refrigeradas de bovino e peito de frango desossado e congelado. China, Estados Unidos, Chile, México e Japão lideram entre os importadores.
Outros setores pediram novo prazo - Como noticiado pelo portal A Crítica, o setor industrial solicitou ao governo federal a prorrogação por 90 dias da tarifa de 50% anunciada pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros. A medida está prevista para entrar em vigor a partir de 1º de agosto e tem causado preocupação entre empresários do setor exportador.
O pedido foi apresentado durante uma reunião em Brasília ontem (14), que contou com representantes do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e das federações estaduais.
De acordo com a Fiems, empresas já começaram a suspender exportações, com receio de que os produtos cheguem ao território americano após a data-limite e sejam taxados automaticamente.
A entidade afirma que a medida compromete a produtividade de setores estratégicos da economia nacional e pode provocar impactos diretos na geração de emprego, na balança comercial e na competitividade da indústria brasileira.