Presidente da Fiems defende novo prazo para negociar tarifa dos EUA sobre exportações brasileiras
Indústria pede prorrogação de 90 dias da tarifa de 50% dos EUA sobre produtos brasileiros. Setor teme perdas imediatas
RECIPROCIDADEO setor industrial solicitou ao governo federal a prorrogação por 90 dias da tarifa de 50% anunciada pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros. A medida está prevista para entrar em vigor a partir de 1º de agosto e tem causado preocupação entre empresários do setor exportador.
O pedido foi apresentado durante uma reunião em Brasília ontem (14), que contou com representantes do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e das federações estaduais.
De acordo com a Federação das Indústrias de Mato Grosso do Sul (Fiems), empresas já começaram a suspender exportações, com receio de que os produtos cheguem ao território americano após a data-limite e sejam taxados automaticamente.
A entidade afirma que a medida compromete a produtividade de setores estratégicos da economia nacional e pode provocar impactos diretos na geração de emprego, na balança comercial e na competitividade da indústria brasileira.
Segundo o presidente da Fiems, Sergio Longen, diversos setores já começaram a suspender exportações, temendo que os produtos cheguem aos Estados Unidos após o início da vigência da tarifa e sejam automaticamente sobretaxados. “Isso compromete a produtividade de diversos segmentos e pode gerar impactos econômicos em todo o país. Por isso, pedimos que o Decreto de Reciprocidade não fosse publicado e que o Brasil buscasse diálogo, em vez de confronto”, afirmou.
A proposta da Fiems era evitar a publicação do Decreto de Reciprocidade, mecanismo que responde às tarifas americanas. Segundo a entidade, o caminho mais eficaz seria o diálogo diplomático, para tentar reverter ou atenuar os efeitos da medida imposta pelos Estados Unidos.
Mesmo com o apelo das entidades, o decreto foi publicado nesta terça-feira (15), o que acirra o clima de incerteza no setor exportador. Uma nova reunião está prevista para o final do dia, com o objetivo de buscar alternativas que evitem prejuízos para contratos já firmados com empresas norte-americanas.
Medida já foi assinada - Publicação prevista para esta terça-feira no Diário Oficial da União formaliza o decreto que regulamenta a Lei da Reciprocidade Econômica. A norma foi assinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e estabelece os caminhos legais para o Brasil reagir a sanções comerciais unilaterais aplicadas por outros países, como as novas tarifas impostas pelos Estados Unidos.
A movimentação do governo brasileiro ocorre após o presidente americano Donald Trump anunciar, na semana passada, um aumento de 50% nas tarifas sobre produtos importados do Brasil. A medida entra em vigor em 1º de agosto, salvo se um novo acordo comercial for firmado entre os dois países.
Com a regulamentação, qualquer um dos 11 ministérios que integram a Câmara de Comércio Exterior (Camex) poderá acionar a lei em caso de impacto direto à competitividade brasileira. Um comitê interministerial — com representantes do Desenvolvimento, Indústria, Relações Exteriores, Fazenda e Casa Civil — terá poder para decidir e aplicar contramedidas urgentes. Já as medidas definitivas ficam sob responsabilidade da Camex.
A norma também prevê participação de empresários nas discussões com o governo. As primeiras reuniões com o setor privado já começaram nesta terça-feira e estão sendo lideradas pelo vice-presidente e ministro da Indústria e Comércio.