Carlos Guilherme | 15 de julho de 2025 - 09h40

PF cumpre mandados em MS contra esquema de trabalho forçado em fábrica de clandestina de cigarros

Ação ocorreu em três estados, incluindo Mato Grosso do Sul, e revelou esquema transnacional que usava mão de obra paraguaia em condições degradantes

OPERAÇÃO 'CHRYSÓS'
PF combate esquema de trabalho forçado com imigrantes em fábrica ilegal de cigarros; operação atinge MS, PR e SP. - (Foto: Divulgação/PF)

Operação Chrysós, deflagrada nesta terça-feira (15), revelou esquema de trabalho forçado envolvendo imigrantes paraguaios em fábrica clandestina de cigarros. Mato Grosso do Sul está entre os estados onde foram cumpridos mandados judiciais.

Segundo a Polícia Federal, o grupo criminoso investigado operava uma cadeia ilegal de produção com atuação em território nacional e conexões no Paraguai. A investigação identificou que cidadãos paraguaios eram trazidos ao Brasil por meio da fronteira com o Paraná, especialmente pela cidade de Guaíra, e levados até o município de Ourinhos, em São Paulo, onde a fábrica operava de forma oculta.

Durante a produção, os trabalhadores dormiam em alojamentos precários, não tinham comunicação com o mundo externo e enfrentavam jornadas longas, sem pausas e em ambiente insalubre. A estimativa é de que a fábrica ilegal tivesse capacidade para produzir cerca de 60 mil maços de cigarros por dia.

PF cumpre mandados em MS, SP e PR contra esquema de trabalho forçado com imigrantes em fábrica de cigarros

Mandados e prisões em três estados - A ação desta terça contou com o apoio do Ministério do Trabalho e do Ministério Público do Trabalho. Ao todo, foram cumpridos sete mandados de busca e apreensão e dois de prisão preventiva nos estados de São Paulo, Paraná e Mato Grosso do Sul. Também foi determinada a apreensão de bens da organização criminosa, com bloqueio de valores estimados em R$ 20 milhões.

A Justiça Federal de Guaíra (PR), que expediu os mandados, também autorizou o sequestro dos bens. A operação tem como objetivo desarticular todo o núcleo do esquema, que além da fabricação ilegal, também cometia crimes como descaminho, uso de marca sem registro, e tráfico de pessoas com finalidade de trabalho forçado.

O recrutamento dos trabalhadores era feito ainda em território paraguaio. Ao chegarem ao Brasil, eram levados diretamente à fábrica e impedidos de sair, mantendo-se sob vigilância e em regime de isolamento. As condições descritas pela PF caracterizam o crime de redução à condição análoga à escravidão.

Além do trabalho forçado, a organização é investigada por promover a migração ilegal, expor os trabalhadores a riscos à saúde e violar normas de proteção ao consumidor, já que os cigarros produzidos clandestinamente não passavam por controle de qualidade nem tinham origem regularizada.