Após ataque brutal de pitbulls em Campo Grande, tutor pode responder criminalmente na justiça
Ataque de cães em residência reacende debate sobre guarda responsável e legislação para cães de raças perigosas em Campo Grande
ATAQUE DE PITBULLO ataque violento de três cães da raça pitbull contra Valmir Pereira Lima Júnior, 21, que aconteceu no último sábado (12), em Campo Grande, acendeu um alerta sobre a responsabilidade de tutores de animais de grande porte. A vítima que teve a orelha dilacerada e uma artéria rompida, foi socorrida em estado grave pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) e permanece internada na Santa Casa.
O caso aconteceu no bairro Jardim Joquei Club, dentro da residência onde o jovem estava com o filho do tutor dos cães. De acordo com a polícia, os animais se agitaram com a chegada de um motoentregador e atacaram o rapaz. O tutor dos pitbulls, um homem de 60 anos, foi conduzido à delegacia para prestar depoimento.
Segundo o presidente da Comissão de Proteção Animal da OAB/MS, Jayme Magalhães Júnior, a lei prevê tanto a responsabilidade civil quanto criminal para tutores em casos de ataques como o registrado no fim de semana.
“Na esfera criminal, o tutor pode responder por lesão corporal culposa, com pena que varia de dois meses a um ano de detenção, se for comprovado que houve negligência na guarda dos animais. Em casos mais graves, como lesões permanentes, o enquadramento pode ser por lesão corporal grave ou gravíssima, com pena que pode chegar a até oito anos de prisão”, explicou.
O advogado explica que, se o ataque resultar na morte da vítima, o tutor pode responder por homicídio culposo.
Já na esfera civil, a responsabilidade é objetiva, ou seja, mesmo sem culpa direta, ele pode ser obrigado a indenizar a vítima por danos materiais, morais e estéticos. Isso inclui despesas com atendimento médico, hospitalização, remédios, transporte, perda de renda e ainda uma compensação pelo sofrimento causado.“O tutor só se isenta da responsabilidade se comprovar que o ataque foi provocado exclusivamente pela vítima ou ocorreu por força maior”, reforça o advogado.
Em Campo Grande, há leis específicas que regulam a criação e condução de cães de raças consideradas potencialmente perigosas, como pitbulls. A Lei Municipal obriga o uso de focinheira e guia curta em locais públicos, além do registro do animal no município e a presença de placa de advertência nos imóveis.
No âmbito estadual, a lei reforça essas exigências e proíbe, inclusive, a presença desses cães em praças, parques e transportes coletivos.
Após ataques como esse, os cães podem ser apreendidos por órgãos como o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), especialmente se forem considerados um risco à segurança pública e o tutor também pode ser multado.
O caso segue sendo investigado pela Polícia Civil. Dependendo das conclusões, o tutor pode ser denunciado criminalmente pelo Ministério Público, além de responder por ação de indenização pela vítima.
Em caso de ataques, vítimas devem:
- Procurar atendimento médico imediato, garantindo um prontuário que comprove as lesões.
- Registrar um boletim de ocorrência na delegacia ou pela internet, relatando detalhes do ataque e identificando o tutor, se possível.
- Coletar provas, como fotos, vídeos, testemunhas e recibos médicos.
- Notificar o CCZ, que pode avaliar o animal e tomar providências administrativas.
- Ingressar com ação judicial, com apoio de advogado, para buscar responsabilização civil e/ou criminal.