Juliano Galisi | 14 de julho de 2025 - 08h11

Rumble e empresa de Trump voltam a acionar Justiça dos EUA contra Moraes

Plataforma de vídeos argumenta que não pode enviar dados cadastrais do perfil de Rodrigo Constantino, que obteve cidadania americana

POLÍTICA
Após ordenar suspensão do perfil na Rumble de Rodrigo Constantino, Moraes volta a ser alvo na Justiça dos Estados Unidos - (Foto: Ton Molina/STF)

A Rumble e a Trump Media voltaram a acionar a Justiça dos Estados Unidos contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A Trump Media é empresa ligada ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Ambas as companhias movem, desde fevereiro, uma ação civil contra o magistrado brasileiro em um tribunal de Justiça Federal da Flórida (EUA).

Na sexta-feira, 11, Moraes ordenou que a Rumble suspendesse em até 48 horas o perfil do comentarista Rodrigo Constantino. A plataforma de vídeos não cumpriu a decisão e oficiou a Justiça americana contra o ministro do STF.

A Rumble argumenta que não pretende cumprir a decisão de Moraes por julgá-la "inválida e inexequível". A plataforma de vídeos alega que o conteúdo do perfil do comentarista não é violento. A Rumble também relembra que está com o acesso por usuários brasileiros bloqueado desde fevereiro de 2025, o que tornaria o pedido de remoção do perfil de Constantino "sem sentido".

Além disso, segundo a empresa, o envio dos dados cadastrais do perfil de Constantino, como solicitado por Moraes, poderia infringir leis americanas, uma vez que o comentarista obteve, em 2024, a cidadania do país.

Rumble e Trump Media miram Moraes contra uma suposta violação à soberania dos Estados Unidos. Na terça-feira, 8, Moraes foi notificado sobre o andamento do processo na Justiça americana. O ofício instou o ministro a prestar esclarecimentos sobre a queixa em até três semanas. Se Moraes não responder ao pedido, será julgado à revelia.

A movimentação no processo neste domingo (13) é a primeira desde a crise diplomática que se seguiu após o anúncio de um "tarifaço" contra o Brasil. Na quarta-feira, 9, após falar que o processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) era uma "caça às bruxas", Trump anunciou uma tarifa de 50% para produtos brasileiros. A medida, por ora, passará a valer a partir de agosto.

Neste domingo, o presidente do Supremo, Luís Roberto Barroso, respondeu o governo dos Estados Unidos em uma carta aberta. "O STF vai julgar (a ação penal contra Bolsonaro e aliados) com independência e com base nas evidências. Se houver provas, os culpados serão responsabilizados. Se não houver, serão absolvidos. Assim funciona o Estado democrático de direito", disse Barroso. "No Brasil de hoje, não se persegue ninguém. Realiza-se a justiça, com base nas provas e respeitado o contraditório".