Da Redação | 08 de julho de 2025 - 19h19

Decisão do STF reacende chances de consórcio seguir no maior projeto rodoviário de MS

STF favorece consórcio vencedor do leilão e Governo de MS prevê decisão final sobre habilitação até a próxima semana

ROTA DA CELULOSE
Trecho da BR-267 que está no pacote de concessão da Rota da Celulose. - (Foto: Divulgação)

Uma guerra de bastidores, movida a argumentos jurídicos e interesses econômicos, colocou a concessão da chamada Rota da Celulose no centro das atenções em Mato Grosso do Sul. O projeto, que envolve quase 900 km de estradas e promete transformar a logística do Estado, está em compasso de espera. Tudo depende agora de uma decisão final da Comissão Especial de Licitação (CEL), esperada para os próximos dias.

O embate começou após o Consórcio K&G Rota da Celulose vencer o leilão realizado em maio deste ano. Com um desconto agressivo nas tarifas e um aporte de R$ 217,3 milhões, o grupo superou pesos pesados como BTG Pactual e o consórcio Caminhos da Celulose, liderado pela XP Investimentos. Mas a vitória logo foi questionada.

A XP entrou com recurso argumentando que o grupo vencedor perdeu sua qualificação técnica. Isso porque a K-Infra, uma das empresas do consórcio, teve anulado o contrato de concessão da BR-393, no Rio de Janeiro — justamente o principal documento que comprovava sua experiência.

Diante disso, a CEL suspendeu o andamento do processo. Parecia que tudo voltaria à estaca zero, até que o Supremo Tribunal Federal (STF) entrou em cena.

No dia 3 de julho, o ministro Gilmar Mendes concedeu liminar autorizando a K-Infra a reassumir, de forma provisória, a concessão da BR-393. A decisão afirmou que a empresa não teve direito de defesa antes da quebra do contrato. Com a liminar, a empresa volta a ter, mesmo que temporariamente, a qualificação necessária para seguir no processo da Rota da Celulose.

O que está em jogo - A Rota da Celulose é um projeto estratégico para Mato Grosso do Sul. Envolve a concessão das rodovias estaduais MS-040, MS-338 e MS-395, além de trechos das BRs-262 e 267. A rota cruza regiões com forte presença da indústria de papel, celulose e do agronegócio, ligando municípios como Campo Grande, Três Lagoas, Nova Alvorada do Sul, Água Clara, Ribas do Rio Pardo e Bataguassu.

O consórcio vencedor se comprometeu a operar e manter as estradas com pedágio de R$ 0,19 por km em pista simples, o menor valor apresentado. Caso o contrato seja homologado, o projeto pode finalmente sair do papel, melhorando estradas, facilitando o transporte e movimentando a economia.

E agora? - O governador Eduardo Riedel disse nesta terça-feira (8) que a CEL tem até a próxima semana para dar uma resposta final sobre a habilitação do consórcio. Se a K&G for considerada tecnicamente habilitada, o contrato será homologado. Se não, a CEL chamará o segundo colocado, o que atrasaria ainda mais o processo.

A expectativa é alta. O desfecho pode marcar o início de um dos maiores investimentos em infraestrutura da história recente de Mato Grosso do Sul.