Uma médica recém-chegada se ajeita na cadeira da UBS, pergunta o nome do paciente, faz a ficha e inicia o atendimento. A cena se repete em postos de saúde espalhados por cidades pequenas de Mato Grosso do Sul. Desde o dia 2 de julho, o Estado passou a contar com o reforço de 34 profissionais enviados pelo programa federal Mais Médicos, que busca melhorar o atendimento básico de saúde em regiões onde mais se precisa.

Desses, quatro médicos irão trabalhar diretamente com comunidades indígenas, atendendo aldeias por meio do DSEI (Distrito Sanitário Especial Indígena). Os outros 30 vão atuar nas equipes de Saúde da Família de municípios que sofrem com a falta de profissionais.

Essa nova etapa do programa bateu recorde: mais de 45 mil médicos se inscreveram no edital, que selecionou 3.173 para atuação em 1.618 municípios e 26 distritos indígenas em todo o Brasil. Os que têm diploma e registro no Brasil já estão nas cidades. Os formados no exterior começam no dia 4 de agosto um treinamento com foco em situações de emergência e doenças comuns nas regiões em que vão atuar.

Felipe Proenço, secretário de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde, explica: “Além de levar mais médicos para quem mais precisa, o programa também oferece cursos de especialização e mestrado para que esses profissionais continuem se aperfeiçoando.”

A escolha dos locais levou em conta um estudo chamado Demografia Médica 2025, feito pelo Ministério em parceria com a USP e a Associação Médica Brasileira. A prioridade foi para cidades pequenas, que receberam 75,1% das vagas. Já os municípios médios ficaram com 11,1%, e os grandes com 13,8%.

O programa também busca corrigir desigualdades. Em alguns locais do país, há poucos médicos para atender uma grande população, e isso afeta diretamente a qualidade dos serviços oferecidos.

Atualmente, o Mais Médicos já atende cerca de 63 milhões de brasileiros e está presente em 94% do território nacional. A meta do governo é chegar a 28 mil profissionais em atuação. Hoje, são aproximadamente 24,7 mil.

Em Mato Grosso do Sul, o reforço é bem-vindo. Em muitas cidades, os médicos atuam sozinhos em postos de saúde que atendem centenas de pacientes por semana. Com a chegada de novos profissionais, espera-se melhorar o atendimento, reduzir filas e garantir um acompanhamento mais próximo para quem precisa.

A iniciativa também fortalece a presença do Estado em áreas indígenas, que historicamente sofrem com falta de infraestrutura e acesso a profissionais de saúde.