Ampliação de vagas na Câmara enfrenta resistência no Planalto
Rui Costa diz ser improvável que Lula sancione aumento de deputados federais
NÃO DEVE AVANÇARProjeto de lei aprovado no Congresso que prevê a ampliação do número de deputados federais de 513 para 531 enfrenta resistência no governo federal. Nesta segunda-feira (7), o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, afirmou que considera “pouco provável” que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancione a proposta.
Durante entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, o ministro disse que o presidente ainda avalia o tema e que tem até o dia 16 de julho para tomar uma decisão. Apesar disso, sinalizou que Lula tem agido com responsabilidade diante do cenário econômico. “Essa é uma reflexão que o presidente tem que fazer, dada a sua responsabilidade com o país”, disse Rui Costa. “Ele fará as ponderações necessárias, mas essa é uma escolha exclusiva dele.”
Possível veto e articulação com o Congresso - Caso o projeto não seja sancionado até o prazo legal, a proposta pode entrar em vigor automaticamente por sanção tácita, cabendo ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União), promulgá-la. Se Lula vetar o texto, total ou parcialmente, o Congresso pode se reunir em sessão conjunta para analisar e, eventualmente, derrubar o veto presidencial.
Apesar das divergências sobre temas como o aumento do número de deputados e as regras do IOF, Rui Costa negou que haja conflito institucional entre os Poderes. Segundo ele, o governo mantém diálogo constante com o Congresso. “Estamos buscando conciliação e entendimento com o Parlamento e com a sociedade”, afirmou.
O projeto foi aprovado no Senado em 25 de junho, com 41 votos favoráveis (mínimo necessário) e 33 contrários. Na Câmara dos Deputados, a redação final passou por 361 votos a favor, 36 contrários e 30 abstenções. Se sancionada, a nova composição da Câmara já valerá nas eleições de 2026.
Para amenizar críticas sobre impacto financeiro, o relator do projeto, senador Marcelo Castro (MDB-PI), incluiu uma emenda que proíbe aumento de despesas públicas com a ampliação. No entanto, o próprio relator retirou as emendas parlamentares dessa limitação, alegando que elas já são fixadas em percentual da receita corrente líquida. “As emendas continuarão dentro do limite de 2%. A divisão entre mais parlamentares não muda o total”, disse.