Pequenas propriedades, grandes resultados: como um hectare pode render 500 litros de leite
Produção eficiente em espaços pequenos é destaque em entrevista no Giro Estadual de Notícias
PRODUTIVIDADE RURALNa manhã desta segunda-feira (07), o programa Giro Estadual de Notícias, transmitido para todas as emissoras do Grupo Feitosa de Comunicação e redes sociais do Jornal da Crítica, recebeu o vice-presidente da Acrissul, Alessandro Coelho, para uma conversa importante sobre os rumos da produção leiteira em Mato Grosso do Sul. Com uma linguagem simples e direta, Alessandro apresentou um cenário animador para pequenos produtores: é possível transformar um pedaço de terra em uma grande fonte de renda — e ele trouxe um exemplo que comprova isso.
Durante a entrevista, Alessandro contou que conheceu de perto uma propriedade com apenas um hectare — o equivalente a um campo de futebol — que conseguiu produzir 500 litros de leite por dia. O segredo? Boas práticas de manejo, cuidado com a alimentação das vacas e uso inteligente da terra. "Isso mostra que, mesmo com pouco espaço, é possível produzir muito", afirmou. O caso inspirador foi citado como exemplo dentro das atividades da nova associação criada para representar os produtores do setor.
ASSULEITE: uma nova força para os produtores de leite - Um dos principais temas da entrevista foi a criação da Associação Sul-Mato-Grossense dos Produtores de Leite (Assuleite). Segundo Alessandro, a entidade chega para dar voz e suporte especialmente aos pequenos e médios produtores, que representam a maior parte da cadeia leiteira no estado. A ideia é unir esforços para melhorar a produtividade, facilitar o acesso a tecnologia e, principalmente, organizar a produção para que o leite chegue com mais qualidade e menor custo ao consumidor final.
Hoje, a produção média em propriedades de Campo Grande é de cerca de 100 litros de leite por dia por produtor. Alessandro explica que isso é pouco e torna difícil manter a atividade de forma lucrativa. "A gente quer ajudar esses produtores a produzirem mais, mesmo com áreas pequenas, como já acontece em outros estados", afirmou ele, citando Minas Gerais como exemplo de sucesso.
Mais leite, menos distância e menos custo - Outro ponto forte da entrevista foi a logística. Alessandro explicou que, como os produtores estão muito espalhados no estado, as indústrias gastam muito com o transporte do leite, o que encarece o produto final. Um dos papéis da Assuleite é organizar os produtores por regiões, para facilitar a coleta e diminuir o custo do frete.
"Hoje tem caminhão vindo de Dourados para pegar leite em Campo Grande. Isso encarece tudo. Organizando os grupos, a gente enche o caminhão num lugar só e reduz o custo para todos: produtor, indústria e consumidor", destacou. Ele afirmou ainda que há indústrias interessadas em se instalar em Mato Grosso do Sul, mas que elas só virão se houver mais produção.
Trabalho todo dia e valorização da mão de obra - Produzir leite exige dedicação. Alessandro lembrou que a ordenha precisa ser feita todos os dias, sem folga. Um dia sem tirar leite da vaca já pode causar problemas de saúde no animal e queda na produção. Por isso, a importância de equipamentos, energia elétrica confiável e alimentação adequada. Segundo ele, a vaca leiteira precisa ser tratada como uma atleta de alta performance. "Ela precisa de comida boa, sombra e conforto. Se cuidar direitinho, ela devolve esse cuidado com produção", explicou.
Leite é renda todo mês - Diferente da produção de grãos ou do gado de corte, que trazem retorno apenas uma ou duas vezes ao ano, o leite é uma fonte de renda constante. "Com a vaca produzindo leite, o dinheiro entra todo mês. Dá pra planejar melhor a vida na roça", afirmou Alessandro. Isso ajuda as famílias do campo a se manterem no meio rural, com mais qualidade de vida e perspectiva de crescimento.
Cuidados com o início da atividade - Alessandro Coelho fez um alerta para quem quer começar na atividade leiteira: o planejamento é fundamental. Ele contou que é comum ver pessoas comprando vacas leiteiras sem antes preparar o pasto ou a estrutura necessária. "Aí a vaca emagrece, o bezerro adoece e a pessoa desanima. Tem que começar devagar, organizando tudo antes. A vaca precisa de comida e conforto", orientou.
Plano Safra e acesso ao crédito - O entrevistado também comentou sobre o Plano Safra 2025/2026 e as dificuldades de acesso ao crédito por parte dos pequenos produtores. Segundo ele, mesmo com linhas específicas como o Pronaf, muitos esbarram em problemas como falta de documentação regularizada ou restrições de crédito. "Muitas vezes, o dinheiro está disponível, mas é difícil de conseguir", disse Alessandro. Ele sugeriu que o produtor busque informações no Banco do Brasil, Caixa, cooperativas como Sicredi ou Sicoob, e principalmente, procure apoio técnico antes de investir.
A força da união - A criação da Assuleite promete ser um divisor de águas para o setor leiteiro de Mato Grosso do Sul. Com organização, acesso à informação e troca de experiências, os produtores poderão aumentar sua produtividade, reduzir custos e entregar um leite de qualidade, com preço mais justo para todos.
O recado final de Alessandro foi claro: "É possível produzir muito em uma área pequena. O segredo está no cuidado com o gado e na forma de trabalhar. E quem quiser começar, procure ajuda, se informe, que dá certo". Confira o vídeo na íntegra: