Presidente do PT diz que judicializar eleição é 'inaceitável' e que sigla é 'dura' nesses casos
Pleito do partido foi adiado em Minas Gerais após deputada federal entrar na Justiça pelo direito de concorrer
POLÍTICAO presidente em exercício do Partido dos Trabalhadores (PT), Humberto Costa, classificou a judicialização do processo eleitoral da legenda como "completamente inaceitável" e afirmou que, no passado, o partido foi "muito duro" com integrantes que recorreram à justiça para contrariar decisões internas.
A eleição interna do PT tem sido marcada por uma confusão no diretório de Minas Gerais. O pleito foi adiado no Estado após a Justiça manter a candidatura da deputada federal Dandara Tonantzin à presidência do diretório mineiro. A parlamentar havia sido excluída do pleito por pagar fora do prazo uma dívida de R$ 130 mil com a sigla. O regulamento da eleição exigia que pendências financeiras fossem quitadas até 29 de maio.
Neste domingo, 6, na sede do Diretório Nacional do PT, Humberto Costa criticou a medida judicial e disse que o partido contestou a decisão. Na próxima terça-feira, 8, a Executiva Nacional do PT fará uma reunião para definir a data da eleição em Minas.
"Esse processo de judicialização de decisões partidárias é uma coisa, no meu ponto de vista, completamente inaceitável", disse Costa. "No passado, o partido foi absolutamente intolerante com a judicialização das suas decisões. Não sei como vai agir agora, mas no passado sempre foi muito duro." Humberto citou também que casos como esses já foram levados à Comissão de Ética do partido.
O impasse em Minas Gerais atrasa a divulgação do resultado nacional da presidência da sigla. Segundo Humberto Costa, uma prévia poderá ser divulgada na segunda-feira, 7, apenas se o primeiro colocado no pleito tiver uma votação muito expressiva, de modo que o resultado em Minas Gerais não possa interferir.
O principal concorrente à presidência do PT é o ex-prefeito de Araraquara Edinho Silva, que é apoiado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Edinho foi ministro de Comunicação Social durante o governo da ex-presidente Dilma Rousseff.
O ex-prefeito disputa as eleições como membro da corrente Construindo um Novo Brasil (CNB), que é majoritária dentro do PT. A ala defende que o partido seja mais moderado e que o governo refaça acordos com a centro-direita para viabilizar a reeleição de Lula em 2026. Do outro lado, candidatos de outras tendências do partido defendem uma guinada à esquerda no mandato de Lula.
Além de Edinho, concorrem ao cargo o ex-presidente do PT e deputado federal, Rui Falcão; o secretário de Relações Internacionais do partido, Romênio Pereira; e o diretor da Fundação Perseu Abramo Valter Pomar.
O próximo presidente do PT ficará no cargo até 2029. A eleição para a presidência do partido é importante porque o próximo mandatário será responsável, entre outros temas, por conduzir a campanha pela reeleição de Lula, além de ter papel fundamental na articulação dentro do Congresso.