Redação | 03 de julho de 2025 - 16h25

Palmeiras e Fluminense mantêm disputa por reconhecimento da Copa Rio como Mundial

Clubes ainda buscam aval oficial da Fifa para títulos de 1951 e 1952, mesmo fora da lista recente de campeões mundiais da entidade

FUTEBOL
Potenciais adversários no Mundial de Clubes, Fluminense e Palmeiras buscam reconhecimento de Copa Rio como título de campeão do mundo - (Foto: Felipe Rau/Estadão)

Palmeiras e Fluminense seguem na tentativa de ver seus títulos da Copa Rio, conquistados em 1951 e 1952, reconhecidos oficialmente pela Fifa como campeonatos mundiais de clubes. A discussão voltou à tona após a entidade citar ambos os troféus como "interconfederações" em documento de apoio à imprensa para o atual Mundial de Clubes.

Apesar do novo registro, a Fifa ainda não inclui os dois clubes brasileiros na lista de campeões mundiais publicada em 2024. Apenas times vencedores da antiga Copa Intercontinental (organizada em conjunto com a UEFA e a Conmebol) e do Mundial de Clubes estão presentes — casos de Corinthians, São Paulo, Santos, Flamengo, Internacional e Grêmio.

Em 1951, o Palmeiras derrotou a Juventus, da Itália, e ficou com a taça da primeira edição da Copa Rio. O torneio teve caráter internacional e reuniu oito equipes de destaque da Europa e América do Sul. Já no ano seguinte, o Fluminense venceu o Corinthians na final e também conquistou o troféu.

Os dois torneios foram organizados pela Confederação Brasileira de Desportos (CDB), antecessora da CBF, com apoio da Prefeitura do Rio de Janeiro, então capital federal. A competição foi idealizada pelo jornalista Mário Filho, que dá nome ao Maracanã, e inspirada na estrutura de uma Copa do Mundo.

Palmeiras e Fluminense montaram dossiês com reportagens da época e enviaram à Fifa, em momentos distintos, com apoio da CBF, na tentativa de obter o reconhecimento oficial. Em 2014, a Fifa chegou a afirmar que "concordava com o pedido da CBF" para reconhecer o título do Palmeiras de 1951, mas não confirmou o caráter mundial. Já o Fluminense encaminhou pedido semelhante em 2021.

Apoio da época e participação de clubes europeus - Apesar de a Fifa não ter organizado diretamente a Copa Rio, nomes de peso da entidade participaram do planejamento. O presidente Jules Rimet ofereceu apoio simbólico ao projeto, embora tenha deixado claro que apenas a Copa do Mundo deveria ser considerada como Mundial. Ottorino Barassi, dirigente italiano da Fifa, e o britânico Sir Stanley Rous ajudaram a atrair clubes europeus para a competição.

Os torcedores dos dois clubes sustentam que a qualidade dos participantes reforça a legitimidade da disputa. A edição de 1951 reuniu, além de Palmeiras e Juventus, clubes como Vasco, Sporting (Portugal), Nacional (Uruguai), Austria FC, Nice (França) e Estrela Vermelha (Iugoslávia). Em 1952, além de Fluminense e Corinthians, participaram Peñarol, Libertad, Áustria Viena, Grasshopper (Suíça), Saarbrucken (Alemanha) e Sporting.

Apesar da importância histórica da Copa Rio, parte da imprensa brasileira à época adotou postura crítica. Em editorial de 1951, o jornal O Estado de S. Paulo afirmou que o torneio não poderia ser chamado de Mundial, nem reunia exclusivamente campeões de seus países. O jornal considerou “exageradas” as comemorações e minimizou a ideia de que se tratava de um feito inédito no futebol internacional.