Por que a decisão de Fábio Trad de sair do PSD é mais do que política
Ex-deputado diz que em tempos de extremismo é preciso escolher um lado. Entenda o que está por trás disso
PARTIDOSO ex-deputado federal Fábio Trad anunciou nesta quarta-feira (02) que está deixando o PSD, partido ao qual pertenceu por quase dez anos. Em um vídeo publicado nas redes sociais, ele explicou que decidiu se afastar do centro político e se alinhar à esquerda. Segundo ele, a mudança é necessária diante do cenário político atual, no Brasil e no mundo.
Essa escolha, mais do que uma simples troca de partido, levanta questões importantes sobre ética, democracia e o papel de cada um em tempos difíceis.
Confira:
Vamos entender isso de forma mais simples, com base em cinco ideias da filosofia e da história.
Em tempos difíceis, não escolher é uma forma de escolher - O filósofo francês Jean-Paul Sartre dizia que, em momentos de crise, não tomar partido é uma escolha — e pode significar concordar com o que está acontecendo.
Quando Fábio Trad diz que “o contexto exige escolhas claras”, ele está dizendo que, para ele, ficar no meio do caminho, sem se posicionar, já não faz sentido. Em tempos de extremismo e ataques à democracia, ser neutro pode acabar ajudando quem está contra os direitos e a liberdade. E o que gera a seguinte reflexão: Será que em momentos como o atual, ficar em cima do muro é o mesmo que se omitir?
O centro político perdeu força - Outro pensador importante, Norberto Bobbio, dizia que a política sempre vai girar em torno de dois lados: de um lado, quem defende mais igualdade social; do outro, quem defende mais liberdade econômica.
Para Bobbio, o centro era o lugar onde os dois lados tentavam se equilibrar. Mas Fábio Trad acredita que hoje esse meio-termo perdeu a força. Ou você defende uma coisa, ou defende a outra.
Defender a democracia é uma responsabilidade - A filósofa Hannah Arendt escreveu muito sobre os perigos dos regimes autoritários. Para ela, o problema não está só nos ditadores, mas na falta de ação das pessoas comuns e das instituições que deveriam defender a liberdade.
Fábio Trad disse que, diante da extrema-direita, ou você está do lado dela ou do lado da democracia. Essa visão lembra o que Arendt dizia: a democracia precisa de pessoas que se importam e se posicionam.
Justiça social ou cortes nos direitos? No vídeo, Fábio Trad também falou sobre economia. Ele disse que prefere a taxação dos bilionários a cortar benefícios sociais. Isso mostra que ele está mais próximo da visão do filósofo John Rawls, que defendia que as políticas públicas devem ajudar os mais pobres.
Essa ideia é diferente da visão de pensadores como Friedrich Hayek, que achava que o governo não deve intervir tanto na economia, mesmo que isso cause desigualdade.
Quando a política divide até mesmo a família - Uma parte que chamou atenção na decisão de Fábio Trad é que seu irmão, o senador Nelsinho Trad, continua no PSD. Mesmo assim, Fábio decidiu sair e seguir um outro caminho.
Esse tipo de escolha acontece desde os tempos antigos. Filósofos como Cícero e Confúcio já discutiam esse dilema: o que fazer quando a ética e a consciência mandam seguir por um caminho diferente do da própria família? Fábio deixou claro que respeita o irmão, mas sente que precisa seguir sua consciência.
Mais do que mudar de partido, Fábio fez uma escolha de princípios. Ao sair do PSD e dizer que vai caminhar com a esquerda, Fábio Trad está mostrando que não se trata apenas de trocar de legenda. Ele acredita que estamos vivendo um momento em que é preciso escolher claramente entre democracia e autoritarismo, entre justiça social e desigualdade, entre compromisso com a verdade e oportunismo político.
Essa é uma decisão que envolve coragem e reflexão. E que pode inspirar outras pessoas a pensarem no papel que querem ter na sociedade.