Levantamento técnico do Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) revelou que 75% das queimadas ocorridas no Pantanal em 2024 tiveram início dentro de propriedades privadas. O dado acende um alerta para a necessidade de articulação direta com o setor rural no enfrentamento ao avanço do fogo no bioma. Os números foram divulgados hoje (2) pelo MPMS.

A partir desse diagnóstico, o MPMS já definiu 357 propriedades como prioritárias para ações de prevenção no primeiro semestre de 2025. A estratégia inclui fiscalização antecipada, apoio técnico e a criação de planos de contenção adaptados à realidade de cada imóvel rural.

Dados do Centro de Apoio do Meio Ambiente (Caoma), com base em análises do Núcleo de Geotecnologias (Nugeo), mostram que o Pantanal sul-mato-grossense registrou 234 incêndios em 2024, atingindo 830 propriedades e devastando cerca de 1,74 milhão de hectares. O impacto ambiental e social levou o MPMS a intensificar as ações do programa Pantanal em Alerta.

A atuação preventiva em 2025 será direcionada a áreas com histórico de incêndios, baixa capacidade de regeneração e proximidade de unidades de conservação. O mapeamento conta com apoio técnico da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais da UFRJ (Lasa).

Segundo o promotor de Justiça Luciano Furtado Loubet, coordenador do Núcleo Ambiental do MPMS, é essencial que o trabalho seja conjunto. “A maioria das áreas queimada começou em propriedades particulares. Precisamos somar esforços com os proprietários para mudar esse cenário”, afirmou.

 O Sistema Pantanal em Alerta utiliza dados de satélite fornecidos pelo FIRMS (Fire Information for Resource Management System), da Nasa, para monitorar focos de calor em tempo quase real. Assim que um novo ponto de incêndio é detectado, alertas são enviados por SMS e e-mail a proprietários e brigadistas cadastrados.