Lula propõe data que seja reconhecido nacionalmente como Dia da Consolidação da Independência
Projeto de lei enviado ao Congresso quer dar destaque ao papel da Bahia no processo de independência do Brasil
EM JULHOReconhecimento do papel decisivo da Bahia na independência do Brasil motivou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a enviar ao Congresso Nacional, nesta terça-feira (1º), um projeto de lei que propõe a criação do "Dia da Consolidação da Independência", a ser celebrado em 2 de julho. A proposta, segundo o governo, busca valorizar uma parte da história pouco conhecida fora do Estado e dar protagonismo ao povo baiano no processo de ruptura com Portugal.
Lula vai participar das comemorações do 2 de Julho em Salvador, nesta quarta-feira (2), data que já é feriado estadual e marcada por celebrações cívicas e culturais na capital baiana. A presença do presidente na cerimônia tem se repetido nos últimos anos e reforça a intenção do governo federal em nacionalizar a data como símbolo da independência efetiva do país.
‘2 de Julho marca o fim da presença portuguesa’, diz Lula - Em vídeo publicado nas redes sociais, o presidente lembrou que, embora o “grito do Ipiranga”, dado por Dom Pedro em 1822, seja mais conhecido, foi em 2 de julho de 1823 que as tropas portuguesas foram definitivamente derrotadas e expulsas de Salvador.
“É verdade que Dom Pedro fez o grito da independência, todo mundo sabe disso. Mas pouca gente sabe que foi no dia 2 de julho de 1823 que, na Bahia, os baianos conseguiram fazer com que os portugueses voltassem para Portugal definitivamente”, afirmou Lula na gravação. O presidente também criticou a ausência desse episódio nos livros escolares: “Além de Dom Pedro, o povo baiano teve muito a ver com a nossa independência”.
Os confrontos que culminaram na vitória baiana começaram ainda em fevereiro de 1822, meses antes do famoso episódio às margens do Ipiranga. Mesmo após o anúncio da separação de Portugal, soldados portugueses continuaram resistindo no território baiano, até serem derrotados em 2 de julho do ano seguinte. A data passou a ser celebrada na Bahia como símbolo da verdadeira libertação do país e homenageia tanto militares quanto civis, inclusive mulheres, que participaram ativamente da luta.
“Tem a independência que foi o grito do imperador, que a gente nem sabe se deu o grito mesmo... Mas nós tivemos a verdadeira independência do Brasil, que foi o resultado final da expulsão dos últimos portugueses em 2 de julho em Salvador, na Bahia. Ali houve luta e houve mulheres heroínas”, declarou o presidente em outro momento, relembrando falas feitas ainda em 2024.
Para que o 2 de julho passe a ter reconhecimento nacional como data simbólica da consolidação da independência, o projeto precisa ser aprovado por deputados e senadores. Até lá, o feriado permanece válido apenas no Estado da Bahia. O projeto não propõe a criação de um novo feriado nacional, mas sim o reconhecimento histórico da data no calendário cívico do país.