Carlos Guilherme | 02 de julho de 2025 - 11h10

Nova mistura de etanol e biodiesel nos combustíveis impulsiona agroindústria em MS

Medida nacional deve aumentar uso de fontes renováveis, estimular usinas do Estado e reduzir emissões de poluentes

COMBUSTÍVEL
Medida federal pode ampliar uso de etanol e biodiesel produzidos em MS e impulsionar agroindústria local - (Foto: ABrasil)

Ajuste nos percentuais de biocombustíveis na composição da gasolina e do diesel começa a valer a partir de 1º de agosto e pode trazer impactos significativos para Mato Grosso do Sul.

A decisão do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) de elevar a mistura obrigatória de etanol na gasolina de 27% para 30%, e de biodiesel no diesel de 14% para 15%, foi bem recebida por representantes do setor agroindustrial no Estado, que enxergam na medida uma oportunidade econômica e ambiental.

Para o secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação de MS, Jaime Verruck, a medida fortalece a cadeia produtiva de biocombustíveis e contribui para reduzir as emissões de dióxido de carbono (CO). “Favorece significativamente a redução de emissões e, ao mesmo tempo, amplia a demanda interna por etanol, o que beneficia toda a cadeia produtiva nacional”, afirmou.

Etanol sul-mato-grossense pode ganhar espaço no mercado interno - Dados da Associação dos Produtores de Bioenergia de Mato Grosso do Sul (Biosul) apontam que, em 2024, o Estado produziu mais de 4,3 bilhões de litros de etanol, sendo 3,1 bilhões de etanol hidratado — usado diretamente como combustível — e 1,1 bilhão de etanol anidro, utilizado na mistura com gasolina. Porém, o consumo local ainda é bem inferior à produção: foram consumidos apenas 370 milhões de litros de etanol hidratado, segundo a Agência Nacional do Petróleo (ANP).

Com o novo percentual obrigatório, o volume de etanol anidro a ser misturado à gasolina deve crescer, o que pode reduzir o excedente produtivo e estimular a indústria local. O Governo Federal estima que o Brasil pode voltar à autossuficiência em gasolina em até 15 anos com essa política, além de projetar redução de até R$ 0,20 no preço do combustível nas bombas.

Secretário Jaime Verruck é o titular da Semadesc - (Foto: Arquivo)

No caso do biodiesel, o acréscimo de 1% pode parecer pequeno, mas representa uma mudança importante no cenário da descarbonização da matriz energética brasileira, como destaca o secretário Verruck. “O diesel é um dos combustíveis fósseis mais poluentes, e ainda é base do nosso sistema de transporte. Ampliar o uso de biodiesel é essencial para melhorar o perfil de emissões no país”, pontuou.

A medida também tende a movimentar a produção de soja em MS, que fornece óleo vegetal para fabricação de biodiesel, além de abrir espaço para a utilização de resíduos industriais. O Estado já conta com usinas de biodiesel em funcionamento, o que pode facilitar a resposta rápida do setor à nova demanda.

Segundo nota divulgada pela Biosul, a ampliação da mistura obrigatória reforça o papel de Mato Grosso do Sul como um dos protagonistas na transição energética do país. A entidade acredita que a mudança pode gerar empregos, atrair investimentos e aumentar a arrecadação tributária estadual.

“É uma medida extremamente favorável e positiva, com alinhamento estratégico para expandir o uso de combustíveis renováveis, fortalecer a indústria nacional e contribuir para os compromissos ambientais do Brasil”, concluiu Verruck.