Isadora Duarte | 02 de julho de 2025 - 10h05

CNA critica Plano Safra 2025/26 e aponta perda real nos recursos anunciados

Confederação cobra aumento compatível com a inflação e alerta para elevação dos juros em financiamentos agrícolas

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CNA considera recursos do Plano Safra 2025/26 insuficientes diante da inflação e elevação de custos no campo - (Foto: Aprosoja/MS)

Anúncio do Plano Safra 2025/26, feito nesta semana pelo governo federal, gerou críticas por parte da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Para a entidade, os valores divulgados para financiar a próxima safra ficaram abaixo do necessário, especialmente quando corrigidos pela inflação. A CNA avalia que o plano não corresponde à importância estratégica do setor agropecuário para o país.

Com R$ 594,4 bilhões previstos para pequenos, médios e grandes produtores, o novo ciclo tem alta nominal de apenas 1,7% em relação à temporada anterior (R$ 584,5 bilhões). O número, segundo a confederação, não compensa a inflação do período.

Segundo Bruno Lucchi, diretor técnico da CNA, o aumento real nos recursos é negativo. “Apesar do valor ser maior em termos nominais, quando corrigido pela inflação, representa uma perda. O setor esperava um plano mais robusto, condizente com os desafios atuais”, afirmou.

A agricultura empresarial terá R$ 516,2 bilhões disponíveis, incluindo financiamentos via Cédulas de Produto Rural (CPRs). Já para a agricultura familiar, o volume liberado será de R$ 78,2 bilhões. Mesmo com o aumento de 3% nos recursos para pequenos produtores e 1,5% para grandes e médios, a inflação do período — estimada em 5,32% — supera os reajustes anunciados.

Taxas de juros também geram críticas - Outro ponto que acendeu o sinal de alerta foi a elevação das taxas de juros em alguns segmentos. Para o setor de soja e pecuária de corte da agricultura familiar, houve aumento de dois pontos percentuais. Já no Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp), que atende produtores médios, os juros passaram de 8% para 10%.

Lucchi considera preocupante a diferença crescente entre os juros praticados para diferentes perfis de produtores. “Há um distanciamento entre o tratamento dado à agricultura familiar e aos médios produtores. Além disso, não houve reajuste no limite de renda para enquadramento como agricultor familiar”, ressaltou.

A CNA avalia que o momento econômico e geopolítico exigiria uma resposta mais firme por parte do governo para garantir estabilidade e incentivo à produção rural. “Diante do cenário adverso, preocupa como será a condução da próxima safra com os recursos e as condições anunciadas”, afirmou Lucchi.