MS muda modelo de financiamento para hospitais e mira redução de filas por cirurgias
Nova política vai beneficiar 66 unidades do interior com incentivo financeiro por produção de serviços médicos
NOVA ERAModelo inédito de repasse financeiro voltado aos Hospitais de Pequeno Porte (HPPs) foi apresentado pelo Governo de Mato Grosso do Sul nesta terça-feira (1º), com o objetivo de reduzir as longas filas por cirurgias, exames e atendimentos básicos no interior do Estado.
A proposta, detalhada pelo secretário estadual de Saúde, Maurício Simões Corrêa, prevê uma mudança na forma de financiamento das unidades, com foco em produtividade e estímulo à realização de procedimentos.
Ao todo, 66 hospitais municipais devem ser impactados diretamente com o novo formato. A apresentação foi feita durante reunião na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (Alems), com a presença do presidente da Casa, deputado Gerson Claro (PP), e de outros parlamentares. O encontro ocorreu na Sala da Presidência.
"Estamos propondo um novo paradigma. Em vez de repasses sem contrapartidas claras, vamos incentivar a produção efetiva de serviços", afirmou o secretário de Saúde.
A proposta cria duas formas distintas de financiamento:
Incentivo fixo, para manter a estrutura dos hospitais funcionando;
Incentivo variável, que bonifica unidades conforme o volume de procedimentos realizados.
O objetivo é estimular os hospitais do interior a realizarem atendimentos de baixa e média complexidade, evitando que pacientes precisem ser transferidos para os grandes centros, como Campo Grande, onde a demanda é maior e a fila por vagas é constante.
Gerson Claro elogiou a proposta e destacou a relevância da iniciativa. "Esse modelo já mostrou bons resultados em São Paulo. Pode ser uma alternativa concreta para reduzir as filas e melhorar a regulação no nosso estado", disse o presidente da Alems.
Simões citou como exemplo unidades que mantêm Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) ativas no interior. Segundo ele, os valores repassados atualmente são desiguais. Com a nova lógica, todos os hospitais que possuírem UTIs receberão o mesmo valor diário por leito em funcionamento, o que permite maior previsibilidade financeira e estimula a ampliação do atendimento.
Investimentos devem crescer até 30% - A expectativa inicial é de que os recursos destinados aos HPPs aumentem entre 20% e 30%, podendo ser ainda maiores, conforme a disponibilidade orçamentária estadual. O programa não exigirá aprovação legislativa imediata e será implementado via resolução do Executivo.
"Trata-se de um modelo que não apenas financia a estrutura, mas estimula o atendimento contínuo, evitando a sobrecarga dos hospitais de referência", explicou o secretário.
O programa abrange procedimentos de urgência e emergência, cirurgias gerais, atendimento materno-infantil, geniturinário e ortopedia, entre outros. A ideia é que os hospitais locais, atualmente subutilizados por falta de incentivos, passem a contribuir de forma mais efetiva no sistema estadual de saúde.
Prefeitos, secretários municipais e gestores hospitalares já foram comunicados sobre a iniciativa e, de acordo com a Secretaria de Saúde, demonstraram apoio à proposta. A medida representa um avanço no uso estratégico de recursos públicos na área da saúde, com foco na descentralização do atendimento.