Iury de Oliveira | 01 de julho de 2025 - 15h50

'Julho das Pretas' celebra resistência e valoriza protagonismo das mulheres negras em MS

Com o tema 'Eu, mulher preta', campanha promove atividades em várias cidades e reafirma luta antirracista e antissexista

CIDADANIA
Campanha 'Julho das Pretas' promove ações em MS para valorizar a identidade e os direitos das mulheres negras. - (Foto: Divulgação)

Com o tema “Eu, mulher preta”, a campanha Julho das Pretas chega à sua sétima edição em Mato Grosso do Sul com uma programação extensa e descentralizada.

Durante todo o mês de julho, ações voltadas à valorização da identidade, ao fortalecimento dos direitos e ao enfrentamento do racismo e sexismo marcam a mobilização organizada pela Secretaria de Estado da Cidadania, por meio da Subsecretaria de Políticas Públicas para a Promoção da Igualdade Racial.

O objetivo central da campanha é reafirmar o papel de protagonismo das mulheres negras sul-mato-grossenses em diversos espaços sociais e políticos. “O Julho das Pretas é uma estratégia para dar visibilidade às lutas, existências e conquistas das mulheres negras na sociedade. Reafirmar o protagonismo das mulheres negras é reafirmar também a importância de ações antirracistas e antissexistas em todos os espaços”, destaca a subsecretária Vânia Lúcia Baptista Duarte.

Um mês de reconhecimento e mobilização - Criada em 2019 no Estado, a campanha tem como referência o 25 de julho, Dia Internacional da Mulher Negra, Latina-Americana e Caribenha, e também o Dia Nacional de Teresa de Benguela e da Mulher Negra no Brasil. Em Mato Grosso do Sul, a data é reconhecida oficialmente como o Dia Estadual da Mulher Negra, conforme a Lei 11.254/2018.

A programação de 2025 foi desenhada para alcançar diferentes públicos e localidades. Cidades como Campo Grande, Nova Andradina, Corumbá, Jardim, Nioaque e comunidades quilombolas como Furnas do Dionísio e Família Ozório estão entre os locais que recebem atividades.

A campanha inclui rodas de conversa, oficinas de tranças, debates sobre religiosidade, encontros com coletivos de mulheres negras, apresentações culturais, escutas ativas, além de transmissões ao vivo com temas como direito, educação e cidadania.

Subsecretária de Promoção da Igualdade Racial, Vânia Lúcia Baptista Duarte ressalta a importância da data para o protagonismo das mulheres negras. (Foto: Paula Maciulevicius/SEC)

Destaques da programação - Em Campo Grande, no dia 2 de julho, ocorre o lançamento dos Indicadores Raciais do Observatório da Cidadania, seguido, no dia 31, por uma palestra com Nelinha do Babaçu, destacando o papel das mulheres negras empreendedoras de Mato Grosso do Sul. O evento será no Auditório do Sebrae.

Em Nova Andradina, uma intensa agenda será desenvolvida ao longo de todo o mês, com oficinas, rodas de conversa com mulheres migrantes, apresentações culturais do grupo Batuqueiros de Nagô, atividades em parceria com o IFMS e eventos com coletivos como o NESU e NEABI. A cidade também sediará o evento Vozes Negras em Movimento, no dia 16 de julho, na OAB local, para celebrar a resistência e trajetória das mulheres negras.

Já em Corumbá, a programação é centrada no Seminário das Religiões de Matrizes Africanas, que terá início no dia 9 de julho com uma escuta ativa na Comunidade Quilombola Família Ozório. Nos dias seguintes, o seminário ocupará as atividades entre os dias 10 e 11, das 9h às 16h.

Identidade, cultura e direitos em foco - Um dos momentos simbólicos será o Café Preto, marcado para o dia 6 de julho, no Parque das Nações Indígenas (ou locais alternativos como a Praça do Preto Velho ou Parque Airton Sena). A atividade marca o encontro com a Marcha das Mulheres Negras por Reparação e Bem Viver, evento de grande importância política e simbólica que terá seu ápice em novembro, mas cuja mobilização já está em curso.

Outro destaque é a Ação Global #TodasPorElas, programada para o dia 12 de julho, no Parque Jacques da Luz, nas Moreninhas, com foco no enfrentamento ao feminicídio. A campanha ainda inclui a reunião ampliada do CEDINE, no dia 24, reunindo lideranças e ativistas negras para debater reparação e estratégias de enfrentamento ao racismo estrutural.

Atividades em comunidades quilombolas - A campanha também se estende às comunidades quilombolas. No dia 25 de julho, a Comunidade de Furnas do Dionísio receberá uma roda de conversa sobre o papel das mulheres no cotidiano da comunidade, com presença de autoridades municipais. Em Nioaque, no dia 18 de julho, as mulheres quilombolas terão espaço para apresentar seus trabalhos em uma ação global, com oficinas de tranças e percussão, além de uma feira de artesanato e exposição de orquídeas.

Segundo a subsecretária Vânia Duarte, “O Julho das Pretas é uma ação permanente de construção e resistência. A programação é pensada para ocupar os espaços públicos, valorizar a identidade da mulher negra e ampliar o acesso aos direitos”.