Ricardo Eugênio | 29 de junho de 2025 - 14h20

Condenado homem que ofendeu advogada trans nas redes sociais

Justiça condena homem por ofender Alanis Matheusa; polícia agiu rápido e garantiu resultado

TRANSFOBIA
Delegado Bruno Urban (à esquerda) conduziu a investigação que levou à condenação por ofensas transfóbicas contra Alanis Matheusa (à direita), jovem advogada trans e negra aprovada na OAB-MS.

Alanis Matheusa tinha 22 anos quando morreu, em abril de 2020. Ela foi a primeira advogada trans e negra aprovada na OAB de Mato Grosso do Sul. Mesmo depois de morta, Alanis sofreu ataques com palavras de ódio nas redes sociais.

Quatro anos depois, em março de 2024, a Justiça condenou o autor das ofensas. Ele recebeu a pena de dois anos e um mês de prisão, além de multa. Essa foi a primeira vez que a transfobia foi tratada como crime parecido com o racismo no estado.

A investigação foi feita por uma equipe da Polícia Civil de Campo Grande, com a liderança do delegado Bruno Urban. O trabalho foi rápido e cuidadoso. A polícia descobriu quem fez as ofensas e juntou todas as provas para que o Ministério Público fizesse a denúncia.

Segundo o delegado Bruno Urban, o caso teve um desafio extra: o sistema da polícia não tinha um campo específico para esse tipo de crime. “Foi necessário adaptar. Conversamos com a mãe da Alanis, com amigos e com outras pessoas que conheceram sua história. A equipe se envolveu muito e conseguiu terminar tudo logo”, contou.

Urban disse ainda que a decisão da Justiça trouxe um sentimento bom: “Quando vi a condenação, senti alegria. Foi uma resposta para a família e para a sociedade. A Polícia de MS não vai ignorar nenhum tipo de preconceito.”

As mensagens ofensivas foram feitas entre os dias 14 e 23 de abril de 2020. Eram comentários que zombavam da identidade de Alanis com palavras ofensivas. O autor foi encontrado pela polícia logo depois.

A história de Alanis mostra superação. Ela estudou com bolsa, enfrentou preconceitos e passou na prova da OAB. Depois da morte, virou símbolo de luta por respeito. Agora, virou também exemplo de que a justiça pode funcionar.

Quem quiser denunciar casos parecidos pode ligar para o Disque 100 ou ir a uma delegacia da Polícia Civil.