Homenageado pelos 25 anos da Medicina da Uniderp, Pedro Chaves defende educação transformadora
O professor e ex-senador de MS projeta o futuro e defende rigor no ensino superior
EDUCAÇÃOA frase que o professor Pedro Chaves carrega como lema resume o impacto que a educação pode provocar na vida das pessoas e, consequentemente, no desenvolvimento de Mato Grosso do Sul.
“A educação transforma as pessoas - e são as pessoas que transformam a sociedade. Só através da educação o país pode encontrar seu verdadeiro destino, que hoje está um pouco desorientado, um tesouro perdido. Mas eu acredito muito que a educação tem o poder de transformar tudo isso”, defende.
O professor, ex-senador e empresário, fundador da Universidade Anhanguera (Uniderp), foi homenageado na noite desta quarta-feira (25) pelos 25 anos do curso de Medicina da instituição.
A celebração aconteceu no campus em Campo Grande e reuniu autoridades acadêmicas, professores, ex-alunos e convidados. Mais do que relembrar a trajetória, Pedro Chaves faz questão de olhar para frente, apontando os desafios e as responsabilidades da educação no Brasil.
Ao recordar a construção do campus, ele destaca como a educação foi capaz de transformar não apenas vidas, mas também o próprio bairro onde hoje está a sede da universidade.
“Quando compramos esse terreno, muitos achavam que éramos loucos. Aqui não havia absolutamente nada: sem ônibus, sem energia elétrica, sem infraestrutura. Mesmo assim, eu acreditei. E a partir daqui, a região se desenvolveu. Vieram os bairros, o shopping… Tudo começou com a universidade”, relata.
Foi essa visão de futuro que levou Pedro Chaves, ainda na década de 90, a propor um modelo inovador de ensino em Medicina — algo inédito no Brasil na época.
“Fizemos um curso de Medicina totalmente diferenciado. Um modelo hospital-cêntrico, onde o hospital é o centro da formação, mas que também é voltado para a comunidade. Desde o primeiro semestre, os alunos iam para as unidades básicas, acompanhando os pacientes desde cedo. Isso foi transformador.”, recorda.
A adoção das metodologias ativas, quando quase ninguém falava disso no país, também foi pioneira.
“O aluno era o centro do processo. Diante de um problema, ele buscava todo o conhecimento necessário para entender aquele caso. Isso gerou muita insegurança no começo, especialmente entre os pais, que questionavam se aprenderiam anatomia, histologia… E aprenderam.”, conta.
O resultado desse modelo inovador não demorou a aparecer. Na primeira leva de formandos, o desempenho superou todas as expectativas.
“O grande teste foi a residência médica. Todos queriam saber se nossos alunos dariam conta. E a resposta veio rápida: 90% foram aprovados - um desempenho superior ao de alunos de universidades tradicionais e até públicas. Isso provou que estávamos no caminho certo.”, afirma com orgulho.
Mesmo com tantos avanços, o ex-senador não esconde sua preocupação com os rumos do ensino superior no Brasil. Ele faz duras críticas à expansão descontrolada do ensino a distância (EAD) e cobra uma atuação mais rigorosa do Ministério da Educação (MEC).
“O EAD se espalhou de forma descontrolada. Isso pulverizou o ensino e deteriorou a imagem do ensino superior. É preciso uma regulamentação muito mais rigorosa, reduzir o número de vagas e aumentar a fiscalização. Só assim poderemos garantir qualidade.”, alerta.
O fundador da Uniderp reforça que, se no passado a educação transformou bairros, cidades e carreiras, no futuro ela precisa ser o pilar para um Brasil melhor.
“Eu sigo acreditando que a educação é a maior ferramenta de transformação social que existe. Se quisermos mudar o país, esse é o caminho. Sempre foi e sempre será.”, conclui.
Reconhecido com nota máxima (nota 5) peloMinistério da Educação (MEC), a graduação médica na Uniderp se consolida como referência no ensino médico regional, formada por mais de 150 professores, sendo 20 deles ex-alunos que retornaram à instituição com o desejo de retribuir à formação recebida e contribuir com as novas gerações de futuros médicos.