Giovanna Castro | 25 de junho de 2025 - 12h05

Família de brasileira morta em trilha na Indonésia denuncia negligência no resgate

Parentes de Juliana Marins afirmam que publicitária ficou sozinha após ser deixada por guia e esperou quase quatro dias por socorro

LUTA POR JUSTIÇA
Juliana Marins sofreu uma queda quando fazia trilha em vulcão na Indonésia. - Foto: @ajulianamarins via Instagram

A família da brasileira Juliana Marins, de 27 anos, morta após cair em uma trilha no Monte Rinjani, na Indonésia, afirmou nesta quarta-feira (25) que houve negligência por parte da equipe de resgate local. A jovem, que era publicitária e natural de Niterói (RJ), sofreu o acidente na última sexta-feira (20), mas seu corpo só foi localizado e removido quatro dias depois, em uma operação marcada por atrasos e dificuldades.

"Se a equipe tivesse chegado até ela dentro de um prazo estimado de 7 horas, Juliana ainda estaria viva", declarou a família em uma publicação no Instagram, feita no perfil criado para compartilhar atualizações sobre o caso. "Juliana merecia muito mais. Agora vamos atrás de justiça por ela, porque é o que ela merece."

Juliana fazia a trilha do Monte Rinjani, uma das atrações turísticas mais populares da Indonésia, quando se separou do grupo após ter sido deixada para trás pelo guia contratado. Ela caiu em um penhasco e ficou desaparecida por horas até que alguém percebesse sua ausência. Segundo testemunhas, o guia seguiu com os demais integrantes do grupo, e o acidente só foi notado bem mais tarde.

O corpo de Juliana foi encontrado a cerca de 600 metros do ponto de onde ela teria caído. De acordo com informações oficiais, a remoção do corpo começou na manhã desta quarta-feira (25), às 6h no horário local. A operação de resgate foi concluída por volta das 20h40, quando o corpo chegou ao Resort Sembalun, ponto de apoio da região, de onde foi encaminhado ao Hospital Bhayangkara Polda NTB, para exames periciais.

Pronunciamento do governo da Indonésia - Diante da repercussão internacional, o Parque Nacional do Monte Rinjani, administrado pelo governo da Indonésia, emitiu uma nota lamentando o ocorrido. “Expressamos profundo pesar pelo falecimento de Juliana De Souza Pereira Marins. Oferecemos nossas mais sinceras condolências à família, amigos e colegas”, afirmou o comunicado.

O governo local justificou a demora no resgate dizendo que a operação exigiu a atuação conjunta de várias agências e voluntários em um terreno de difícil acesso e sob condições climáticas instáveis, o que forçou a suspensão dos trabalhos em diversos momentos.

Juliana era formada em Comunicação Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e acumulava experiências em empresas como Multishow, Canal Off e Mynd. Também atuou na equipe do evento Rio2C, voltado à indústria criativa. Além disso, se dedicava a projetos de fotografia, cinema e viagens, tendo estudado roteiro e direção.

Ela mantinha um perfil nas redes sociais onde registrava suas experiências pelo mundo. Passou por países como Espanha, Holanda, Alemanha, Vietnã, Egito e Uruguai. No momento do acidente, ela fazia mais uma de suas aventuras, conhecida por se aventurar sozinha em trilhas e destinos alternativos.

A declaração pública da família indica que, mais do que lamentar a tragédia, os parentes querem que os responsáveis pela falha no resgate prestem contas. Segundo o relato divulgado nas redes sociais, a jovem poderia ter sobrevivido se o socorro tivesse sido prestado de forma mais rápida.

“Estamos falando de um ser humano que ficou dias à espera de ajuda em um dos pontos turísticos mais conhecidos da Indonésia. É inaceitável. Juliana foi deixada para trás. E agora, foi deixada também por um sistema que falhou com ela”, declarou um familiar em mensagem reproduzida no perfil.

O traslado do corpo ao Brasil ainda depende de procedimentos oficiais na Indonésia. O Itamaraty acompanha o caso por meio da embaixada brasileira no país asiático.