Projeto quer garantir atendimento integral a pessoas com doenças raras em MS
Proposta apresentada na Assembleia Legislativa prevê política permanente de diagnóstico, tratamento e apoio às famílias
DESAFIOSCuidar com atenção de quem convive com doenças raras pode deixar de ser um desafio isolado para se tornar uma política pública permanente em Mato Grosso do Sul. O deputado estadual João Henrique (PL) protocolou nesta quarta-feira (25), na Assembleia Legislativa, um projeto de lei que institui o Programa Estadual de Atenção Integral à Saúde das Pessoas com Doenças Raras (PEAIS-DR).
O texto, registrado sob o número 00157/2025, tem como objetivo estruturar uma rede organizada e humanizada para o diagnóstico precoce, tratamento adequado e acolhimento das famílias afetadas. “É um passo que coloca Mato Grosso do Sul na vanguarda do atendimento às pessoas com doenças raras”, afirma João Henrique.
Segundo o Ministério da Saúde, uma doença é considerada rara quando atinge até 65 pessoas a cada 100 mil habitantes. Estima-se que mais de 13 milhões de brasileiros convivam com alguma dessas condições, muitas vezes enfrentando demora no diagnóstico e falta de acesso ao tratamento.
Ainda de acordo com o órgão federal, existem mais de 7 mil tipos diferentes de doenças raras. Cerca de 75% dos casos afetam crianças de até cinco anos de idade, e a maioria tem origem genética, com características crônicas, progressivas e sem cura definitiva.
O projeto apresentado na Assembleia traz um conjunto de medidas voltadas à construção de uma política sólida e duradoura. Entre os pontos propostos estão:
Notificação obrigatória de casos suspeitos ou confirmados em hospitais e unidades de saúde públicas e privadas;
Criação de um cadastro estadual com informações clínicas e epidemiológicas para orientar decisões e ações do poder público;
Organização de uma rede de atendimento entre postos de saúde e centros especializados;
Capacitação de equipes médicas e multiprofissionais, realização de campanhas educativas e ações voltadas ao acolhimento das famílias;
Garantia de acesso a medicamentos de uso especial e tecnologias assistivas.
Uma das principais dificuldades enfrentadas pelas pessoas com doenças raras é a demora na identificação da condição. Em muitos casos, o diagnóstico pode levar anos. A proposta também destaca a importância do teste do pezinho — exame realizado nos primeiros dias de vida do bebê — como ferramenta fundamental para detectar precocemente algumas dessas enfermidades.
“Esse projeto é fruto da escuta de famílias, profissionais de saúde e instituições. Nenhuma pessoa deve ficar invisível por causa de uma condição rara. Estamos falando de dignidade e do direito à vida com qualidade”, reforça João Henrique.
O texto agora segue para análise da Comissão de Constituição, Justiça e Redação (CCJR) da Assembleia Legislativa. Caso receba parecer favorável, poderá ser colocado em votação ainda no primeiro semestre deste ano. O deputado espera contar com o apoio dos colegas parlamentares para acelerar a tramitação da proposta.