Acordos salariais abaixo da inflação crescem e atingem maior nível desde 2022
Levantamento do Dieese aponta avanço nas perdas salariais em maio, com um em cada cinco acordos registrando reajustes menores que o INPC
DIEESENegociações salariais de maio apresentaram aumento no número de acordos com reajustes abaixo da inflação, segundo dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). No mês, 20,1% das convenções e acordos coletivos resultaram em reajustes inferiores à variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), maior proporção desde setembro de 2022.
Em abril, esse índice era de 18,2%. Já em maio, dos 815 acordos registrados, apenas 12% garantiram reajustes iguais ao INPC. Por outro lado, a maioria dos trabalhadores conquistou algum ganho real: 67,9% das negociações superaram a inflação oficial, percentual superior ao registrado em abril, quando 61,8% dos acordos ficaram acima do índice.
Inflação impacta negociações coletivas - O resultado de maio é reflexo direto do avanço inflacionário. Na data-base do mês, o INPC acumulado em 12 meses foi de 5,32%, elevando a exigência de reajustes maiores por parte dos sindicatos. Para as categorias com data-base em junho, o desafio é um pouco menor, com necessidade de reposição estimada em 5,20%.
Apesar do aumento dos acordos abaixo do índice inflacionário, o levantamento do Dieese mostra que a média dos reajustes ainda superou a inflação em 0,78%, acima das médias de março (0,74%) e abril (0,73%).
Considerando o acumulado dos últimos 12 meses, o saldo das negociações permanece favorável para os trabalhadores. Entre junho de 2023 e maio de 2024, 79,4% dos acordos garantiram aumento real nos salários. Os reajustes que apenas repuseram a inflação somam 14,4% dos casos, enquanto os acordos abaixo do INPC representam 6,2%.