Juiz de MG que soltou homem que destruiu relógio histórico em 8/1 será investigado
Magistrado já era investigado pelo STF pela soltura do preso
POLÍTICAO juiz Lourenço Migliorini Fonseca Ribeiro, da Vara de Execuções Penais de Uberlândia (MG), enfrentará uma investigação da Corregedoria do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) aberta nesta sexta-feira, 20, por ter liberado da prisão o homem que destruiu o relógio de Dom João VI durante a invasão de 8 de janeiro. O magistrado também é alvo de um inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) pelo mesmo motivo.
Em comunicado oficial, o TJMG declarou que "reafirma o seu compromisso com a legalidade, os princípios do Estado Democrático de Direito e o irrestrito respeito às ordens judiciais emanadas dos tribunais superiores".
O juiz Lourenço Migliorini Fonseca Ribeiro, de Uberlândia, soltou na última quarta-feira, 18, o mecânico Antônio Cláudio Alves Ferreira, responsável pela destruição do relógio histórico. Na decisão, o magistrado concedeu progressão da pena para o regime semiaberto e liberou o preso do uso de tornozeleira eletrônica, argumentando que o equipamento não estava disponível no Estado de Minas Gerais.
"O reeducando não pode ser prejudicado em razão da morosidade do Estado", escreveu o juiz no documento que liberou o detento. A Secretaria de Justiça e Segurança Pública de Minas Gerais, no entanto, afirmou que havia mais de 4.000 tornozeleiras eletrônicas disponíveis.
Em sua decisão, o juiz afirmou que Antônio Ferreira tinha cumprido o tempo mínimo exigido por lei, citou bom comportamento e afirmou que o preso não praticou faltas graves e manteve boa conduta.
Nesta sexta-feira, 20, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, determinou que Antônio Cláudio Ferreira retornasse à prisão, e ainda estabeleceu um inquérito contra o magistrado que o liberou, argumentando que o juiz expediu uma sentença fora do âmbito em que podia atuar.
Antônio Cláudio Ferreira só teria direito ao regime semiaberto após cumprir um quarto de sua pena de 17 anos. O réu foi preso em 2023 e, até o momento, tinha cumprido dois anos e cinco meses em regime fechado.
Relembre a condenação
Antônio Cláudio Ferreira foi flagrado por câmeras de vigilância destruindo o relógio de Balthazar Martinot, um presente ao imperador Dom João VI da corte francesa.
Pela invasão de 8 de janeiro e pela depredação do artefato, ele respondia pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, associação criminosa armada, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.
A condenação, estabelecida pelo STF em junho de 2024, foi de 17 anos de prisão mais pagamento solidário de R$ 30 milhões por danos morais coletivos.