Redação, O Estado de S. Paulo | 19 de junho de 2025 - 16h00

Empresário morto em Interlagos: saiba o que falta esclarecer sobre o caso

Adalberto dos Santos morreu asfixiado aos 35 anos; Segurança Pública paulista informou que caso segue sob sigilo judicial

GERAL
Empresário Adalberto dos Santos Júnior desapareceu após evento em Interlagos e foi encontrado morto quatro dias depois - (Foto: Reprodução)

A morte do empresário Adalberto Amarilio dos Santos Junior, encontrado em um buraco de obra no Autódromo de Interlagos, ainda é considerada um mistério e as investigações seguem em andamento.

Conforme a polícia, nada foi apurado durante o evento que justificasse uma perseguição a ele, o que reforça a hipótese de uma abordagem ocasional, no percurso até o carro, seguida da briga. Segundo os familiares, o empresário não tinha inimigos.

De acordo com a Secretaria da Segurança Pública do Estado de São Paulo, as investigações seguem sob segredo de Justiça.

O laudo que apontou asfixia como a causa da morte reforça a hipótese de briga, segundo a polícia. A investigação retomou a oitiva de seguranças que trabalharam no evento e faz um pente fino nas imagens de câmeras instaladas no autódromo. Diante do laudo, a linha de investigação do inquérito foi alterada para homicídio.

O Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) segue com as investigações para esclarecer todas as circunstâncias da morte.

A polícia obteve a lista das pessoas que trabalharam no evento e avança nas oitivas - são mais de 180 pessoas, entre homens e mulheres.

Como ele deve ter sido abordado?

É provável que Adalberto tenha sido imobilizado por mais de uma pessoa, o que explicaria também o fato de ter sido encontrado sem as calças e o par de tênis que usava. Enquanto uma pessoa o continha com um golpe de mata-leão - o braço em torno do pescoço, exercendo pressão -, a outra o segurava pelas pernas. Um dos laudos apontou uma lesão no joelho, uma escoriação que teria ocorrido com ele ainda vivo.

A polícia acredita que Adalberto foi abordado no trajeto entre o local do evento e o ponto em que seu carro estava estacionado.

O que falta esclarecer?

A análise do material colhido sob as unhas da vítima pode confirmar se houve a briga, já que normalmente a reação da vítima causa arranhões no agressor. Também foi recolhido material genético - pelos e vestígios de pele - nas roupas e no corpo do empresário e os laudos estão em elaboração.

Outra questão que ainda precisa ser respondida é o paradeiro da calça jeans e dos tênis do empresário. Uma calça encontrada próxima ao local não foi reconhecida como sendo dele. É possível que as peças tenha sido levadas pelos agressores e, provavelmente, destruídas.

Marcas de sangue encontradas no carro é outro ponto controverso?

A polícia acredita que Adalberto foi morto antes de chegar ao veículo naquela noite. A hipótese de que as marcas de sangue detectadas no carro são, na verdade, resíduos antigos pode ser confirmada pelo laudo do exame de DNA, que ainda não foi juntado.

O depoimento do amigo de Adalberto, Rafael, de que ele havia ingerido bebidas e usado maconha durante o evento foi contrariado pelo resultado do exame toxicológico, que deu negativo.

No entanto, o tempo decorrido entre a morte e a coleta do material, de cerca de três dias, pode ter eliminado os vestígios de álcool no sangue.

Relembre o caso

O empresário foi ao Autódromo de Interlagos, no dia 30 de maio, para participar de um evento com motos. Ele chegou por volta das 14h30, deixou o carro no estacionamento e acompanhou as corridas até às 17 horas. Em torno das 21h15, se despediu dizendo que iria para casa, pois jantaria com a esposa.

Segundo a investigação, ao se dirigir até o local onde estava seu carro - um bolsão ao lado do estacionamento -, ele teria cortado caminho por uma área restrita. Ele não chegou até o carro. Sua esposa denunciou o desaparecimento à polícia.

O corpo dele foi encontrado na manhã do dia 3 de junho por um trabalhador do autódromo dentro de um buraco.