Redação | 05 de junho de 2025 - 14h46

Para deputado, verticalização na reserva do Parque do Prosa é irracional e perigosa

Parlamentar denuncia construções de até 30 andares em área de preservação e cobra criação de lei para regulamentar o uso sustentável da região

MEIO AMBIENTE
Deputado Paulo Duarte denuncia que construções no entorno da reserva do Parque do Prosa e dos Poderes irá impermeabilizar o local, causando imensos prejuízos para fauna e flora - (Foto: Alems)

O deputado estadual Paulo Duarte (PSB) usou a tribuna da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul nesta quinta-feira (5), Dia Mundial do Meio Ambiente, para denunciar o avanço da verticalização urbana na região do Parque do Prosa e do Parque dos Poderes, em Campo Grande. Segundo ele, a construção de prédios altos na área representa uma ameaça à integridade ambiental da reserva e exige ações urgentes do poder público.

“Hoje tem autorizados na região da Reserva do Parque do Prosa e na zona de amortecimento empreendimentos que vão praticamente acabar com essa reserva. A perspectiva é de construir prédios de quase 30 andares”, alertou Duarte, visivelmente indignado.

A reserva ecológica do Parque do Prosa foi criada por decreto estadual a partir da visão do ex-governador Pedro Pedrossian, que também implantou a sede administrativa do governo estadual no Parque dos Poderes. Hoje, no entanto, a região enfrenta uma pressão crescente para urbanização verticalizada, com a liberação de grandes empreendimentos que, na avaliação do parlamentar, desrespeitam a função ecológica da área.

“Temos várias nascentes ali, inclusive algumas já bastante degradadas”, lembrou Paulo Duarte. “Não sou contra o desenvolvimento, mas em qualquer lugar do mundo há restrições e critérios para construção de empreendimentos em determinados locais.”

O parlamentar também chamou atenção para a ausência de uma legislação clara que defina regras para o uso sustentável da reserva e de sua zona de amortecimento. Como integrante da Comissão de Meio Ambiente da Assembleia, ele anunciou que vai propor uma indicação ao Governo do Estado e ao Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul) para que seja criada uma lei específica sobre o tema.

“Vou encaminhar uma indicação ao Governo do Estado e ao Imasul solicitando que seja editada uma lei para colocar ordem nessa situação”, explicou.

De acordo com informações levantadas pelo deputado, já estão previstos empreendimentos de grande porte para a área do entorno do parque, com impacto direto na fauna, flora e nascentes da região. “São 5.447 unidades habitacionais, 537 unidades comerciais e 7.500 vagas para estacionamento. A fauna e a flora do parque irão acabar, porque vai impermeabilizar a região, vai encher tudo de concreto”, afirmou.

Paulo Duarte questionou ainda a lógica de desenvolvimento urbano adotada em Campo Grande, que, segundo ele, ignora os diversos “vazios urbanos” existentes na cidade que poderiam ser aproveitados para o crescimento imobiliário sem comprometer áreas de preservação ambiental.

“Enquanto isso, Campo Grande tem inúmeros vazios urbanos que poderiam ser ocupados, levando progresso para outros locais da cidade”, criticou.

Com o pronunciamento, Duarte espera acionar o debate legislativo e sensibilizar os demais parlamentares e autoridades estaduais para a urgência de regulamentar o uso da área do Parque do Prosa. A proposta de uma nova legislação deve ser encaminhada nos próximos dias como indicação oficial.