Da Redação | 03 de junho de 2025 - 17h45

Do lixo ao laboratório: como casca de banana e batata viraram plástico no Senac de Dourados

Alunos criam bioplástico usando ingredientes do dia a dia e mostram que é possível inovar com sustentabilidade

SUSTENTABILIDADE
Apresentação do projeto em sala - (Foto: Reprodução)

Casca de banana, batata, amido de milho, gelatina e até tapioca. Ingredientes comuns na cozinha viraram matéria-prima de laboratório nas mãos dos alunos do Senac Dourados, que criaram diferentes tipos de bioplástico como alternativa sustentável às sacolas plásticas convencionais usadas no dia a dia.

O projeto, realizado por jovens entre 14 e 24 anos, nasceu no componente curricular Projeto Integrador, uma etapa da formação técnica em que os estudantes aplicam, na prática, os conhecimentos adquiridos em sala de aula, com foco em soluções para a sociedade. A proposta tinha um objetivo claro: reduzir os impactos ambientais do plástico tradicional.

Alunos em contato com o produto - (Foto: Reprodução)

Com o tema “Bioplástico: substituição do plástico convencional na busca por sustentabilidade”, os alunos se dividiram em grupos e testaram diferentes receitas de bioplástico. Cada equipe escolheu um ingrediente de base, como casca de banana, batata inglesa, polvilho doce, tapioca ou gelatina incolor. Além disso, usaram amido de milho, outro item acessível e biodegradável.

Durante os testes, os estudantes notaram formação de fungos nas amostras iniciais. Para resolver o problema, incluíram argila esmectita na fórmula e passaram a observar o comportamento das amostras ao longo de 35 dias. Compararam a resistência, a durabilidade e o tempo de decomposição dos materiais com e sem a presença da argila.

A experiência ajudou a entender como elementos simples, que muitas vezes vão para o lixo, podem ser reaproveitados com criatividade e ciência. O projeto também enfrentou dificuldades. Alguns alunos chegaram a pensar que não daria certo. Mas com persistência e trabalho em grupo, o desafio virou aprendizado — e um passo concreto para pensar soluções mais limpas para o futuro.

Alunos que integram o projeto - (Foto: Reprodução)

Segundo dados do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), mais de 400 milhões de toneladas de plástico são produzidas por ano no mundo. E o mais grave: um terço desse volume é usado uma única vez antes de ser jogado fora. No Brasil, conforme levantamento da Abrelpe, mais de 1 milhão de toneladas de sacolas plásticas são descartadas todos os anos. A maioria não é reciclada.

O bioplástico aparece como uma alternativa mais leve para o planeta. Além de reduzir a poluição, ele ajuda a diminuir as emissões de gases do efeito estufa, promove o uso de recursos naturais renováveis e incentiva a economia circular, onde os materiais são reutilizados em vez de descartados.

Para o Senac, projetos assim mostram o valor do ensino técnico quando aliado à responsabilidade ambiental. A diretora de Educação Profissional da instituição, Gilka Trevisan, explica que iniciativas como essa permitem que os estudantes cresçam, não só como profissionais, mas como cidadãos conscientes, prontos para transformar ideias em soluções de verdade.