PGR pede prisão de Carla Zambelli e inclusão na lista da Interpol após saída do país
Parlamentar foi condenada a 10 anos de prisão pelo STF e anunciou licença do mandato para tratamento médico no exterior
PEDIDO DE PRISÃOA Procuradoria-Geral da República (PGR) solicitou a prisão preventiva da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) e sua inclusão na lista de difusão vermelha da Interpol. A medida foi pedida após a parlamentar deixar o Brasil e anunciar que se encontra nos Estados Unidos, com destino posterior à Europa. O pedido foi formulado pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, e já foi entregue ao Supremo Tribunal Federal (STF).
No documento, ao qual a TV Globo teve acesso, Gonet afirma que a prisão preventiva tem como objetivo garantir a aplicação da lei penal. “Não se trata de antecipação do cumprimento da pena aplicada à ré, mas de imposição de prisão cautelar, de natureza distinta da prisão definitiva, com o fim de assegurar a devida aplicação da lei penal”, diz o texto.
O procurador-geral também solicitou a suspensão do passaporte de Zambelli, o bloqueio de seus bens e a comunicação imediata de sua situação às autoridades internacionais. Segundo Gonet, essas medidas são essenciais para assegurar que a deputada não se furte das consequências legais de sua condenação.
Condenação e fuga do país - Carla Zambelli foi condenada, há 20 dias, pela Primeira Turma do STF a 10 anos de prisão pela invasão aos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). A decisão foi unânime. Embora estivesse sem restrições legais para deixar o país, a deputada atravessou a fronteira com a Argentina no último dia 25 de maio e, de Buenos Aires, seguiu para os Estados Unidos. A informação foi confirmada pelos jornalistas Andréia Sadi e Octavio Guedes.
Zambelli afirmou que está viajando para se submeter a um tratamento médico e que vai pedir licença do mandato. Apesar dessa justificativa, ministros do STF ouvidos pela GloboNews interpretaram a saída como uma tentativa de fuga da Justiça.
Histórico de investigações - Além da condenação por crimes cibernéticos, Zambelli é investigada em outras frentes. Ela responde a uma ação penal no STF por porte ilegal de arma e constrangimento ilegal, episódio que remonta a outubro de 2022. Na ocasião, a deputada sacou uma arma e perseguiu um eleitor do então candidato Luiz Inácio Lula da Silva pelas ruas de São Paulo.
Em março de 2025, seis ministros do Supremo votaram por sua condenação a 5 anos e 3 meses de prisão nesse caso, além da cassação de seu mandato parlamentar. No entanto, o julgamento foi interrompido após pedido de vista do ministro Nunes Marques, ainda sem previsão para retomada.
Passaporte já havia sido apreendido
Durante as investigações conduzidas em 2023, o passaporte de Carla Zambelli chegou a ser apreendido. Contudo, o documento foi posteriormente devolvido, e ela não possuía restrições legais para sair do Brasil até sua recente condenação. A ausência de restrições permitiu que deixasse o país livremente, embora sob investigação e com julgamento ainda em curso no STF.
Medidas cautelares e reação política - O pedido da PGR inclui ainda o sequestro e a indisponibilidade dos bens da parlamentar, visando garantir possíveis ressarcimentos ao erário público e a eficácia de futuras medidas judiciais. A inclusão do nome de Zambelli na lista da Interpol pode resultar na sua detenção fora do Brasil, caso o país em que esteja hospedada decida colaborar com as autoridades brasileiras.
A movimentação jurídica deve intensificar o debate político sobre os limites da imunidade parlamentar e os mecanismos de controle judicial sobre membros do Legislativo. Setores da oposição acusam a deputada de instrumentalizar a licença médica como forma de escapar da responsabilização judicial, enquanto aliados têm evitado comentar publicamente o episódio.