Carlos Guilherme | 27 de maio de 2025 - 12h00

Interagro 2025 quer mostrar ao Brasil a potência do agro sustentável em MS

Edição 2025 acontece nos dias 5 e 6 de junho e será marcada por tecnologia, capacitação e compromisso ambiental

AGRO
Presidente do SRCG também ressalta o apoio à agricultura familiar e as expectativas para o Interagro 2025. - (Foto: Williams Souza)

Campo Grande será, nos dias 5 e 6 de junho, o epicentro das discussões sobre o presente e o futuro do agronegócio brasileiro. Realizado na sede do Sindicato Rural de Campo Grande, Rochedo e Corguinho (SRCG), o Interagro 2025 chega com a missão de integrar inovação, sustentabilidade e a força das tradições rurais de Mato Grosso do Sul. A edição deste ano é também a primeira sob a presidência de Eduardo Monreal à frente do SRCG, e promete marcar um novo ciclo de atuação no setor.

"Sem dúvida, este é um momento importante em que buscamos promover a interação entre o produtor rural e o meio urbano, aliando a tecnologia à preservação das tradições que fazem parte das raízes de Mato Grosso do Sul. No próximo dia 5 de junho, quinta-feira da semana que vem, celebra-se o Dia Mundial do Meio Ambiente. E o setor agropecuário se une a essa comemoração, destacando o uso de tecnologias modernas na produção sustentável, evidenciando o compromisso dos produtores com a preservação dos recursos naturais para as futuras gerações", afirmou Monreal.

Compromisso ambiental como protagonista - Entre os destaques da programação, está a participação de Evaristo de Miranda, pesquisador e colunista da Revista Oeste, referência em sustentabilidade no agro. Segundo Monreal, a presença de Miranda será uma oportunidade de mostrar com dados concretos o quanto o produtor rural brasileiro tem contribuído para a conservação ambiental.

O presidente do sindicato afirma que tem recebido produtores interessados em ingressar no setor - (Foto: Williams Souza)

"Também será apresentada a atuação dos produtores da Área de Proteção Ambiental (APA) da Guariroba, que desempenham um papel fundamental na preservação da água consumida pela população de Campo Grande. Serão demonstradas práticas sustentáveis como o isolamento de nascentes, o manejo do gado de forma a evitar o uso direto dos rios, entre outras ações voltadas à preservação ambiental e à produção responsável. Queremos mostrar que o agro é parte da solução ambiental e não do problema", disse.

Além da parte técnica, a feira deste ano contará com a inauguração de um espaço que tem tudo para se tornar um ponto de encontro da comunidade: o Espaço Comitiva.

"Hoje, o networking é tão importante quanto a tecnologia. Afinal, a informação tecnológica está facilmente acessível, inclusive no celular. No entanto, é fundamental conversar com outras pessoas, trocar experiências e conhecer o que cada um está fazendo. É esse momento de interação e relacionamento que faz toda a diferença tanto entre os associados quanto com a comunidade de Campo Grande, Rochedo e região", destacou.

Segundo Monreal, o Espaço Comitiva é uma resposta a essa necessidade. "Trata-se de uma área que foi recentemente reformada e está pronta para receber diversos tipos de eventos, como casamentos, formaturas e outras celebrações sociais. Será uma oportunidade de mostrar esse novo ambiente que passa a integrar a estrutura do sindicato", afirmou.

Tecnologia e sustentabilidade como aliadas do lucro - Um dos pontos altos do Interagro será a apresentação de soluções tecnológicas com foco na sustentabilidade. Um exemplo é o aplicativo desenvolvido por Rita Ferrão, que permitirá ao produtor rural mensurar, com o celular, os níveis de carbono e oxigênio no solo.

"Essa é uma grande inovação, pois permite que o produtor enxergue novas oportunidades de financiamento por meio da sustentabilidade, como os créditos de carbono. O grande tema que queremos explorar no evento é justamente esse: como transformar boas práticas ambientais em rentabilidade. Isso não é futuro, é presente. O crédito de carbono já é uma realidade, e os produtores de Mato Grosso do Sul precisam estar preparados para acessar esse mercado", explicou Monreal.

Segundo Monreal, há esforços junto ao governo federal, cooperativas e iniciativa privada para resolver a questão - (Foto: Williams Souza)

Outro destaque será uma plataforma com visão georreferenciada de propriedades rurais que inclui, inclusive, dados sobre veículos automotivos nas fazendas. "É mais uma ferramenta de alto nível que será apresentada. Com isso, o produtor terá uma visão mais clara da sua propriedade e poderá tomar decisões com mais precisão", completou.

Ao comentar sobre a safra 2024/2025, Monreal foi categórico: "Estamos encerrando a safra de soja com uma produção estimada em torno de 13 milhões de toneladas, e a perspectiva para o milho é de mais 12 milhões de toneladas. Ou seja, estamos falando de aproximadamente 25 milhões de toneladas uma safra bastante robusta".

No entanto, ele fez um alerta importante: "Hoje, Mato Grosso do Sul possui uma capacidade estática de armazenagem entre 12 e 13 milhões de toneladas. Isso significa que muitos produtores acabam sendo obrigados a vender ou entregar sua produção sem poder armazená-la adequadamente em suas propriedades, o que pode impactar negativamente na rentabilidade. Precisamos com urgência ampliar essa capacidade".

Segundo Monreal, há esforços junto ao governo federal, cooperativas e iniciativa privada para resolver a questão. "Estamos dialogando com a Aprosoja e outras entidades para viabilizar políticas públicas e incentivos que permitam aumentar nossa infraestrutura. O produtor precisa ter autonomia para vender no melhor momento e não pressionado pelo mercado".

A citricultura tem surgido como uma nova fronteira agrícola para o estado. "Sem dúvida, a citricultura tem ganhado um impulso muito significativo aqui no estado, especialmente em função da ocorrência da doença conhecida como greening em São Paulo. Essa enfermidade tem levado o setor a buscar novas regiões livres dessa contaminação e Mato Grosso do Sul se apresenta como um local ideal para o desenvolvimento da atividade", comentou.

O sindicato tem recebido produtores interessados em ingressar no setor. "Nosso papel é técnico, de orientação. Queremos que os produtores estejam bem embasados antes de investir, com informações científicas e planejamento. A citricultura tem muito potencial por aqui, e estamos prontos para apoiar quem quiser apostar nessa cultura", disse Monreal.

Apoio total aos pequenos produtores - Monreal defendeu uma visão mais inclusiva sobre os perfis de produtores. "Para nós, essa divisão entre pequeno, médio e grande não se justifica. Todos são produtores, todos enfrentam os mesmos desafios: clima, oscilação de preços, exigências de mercado. Somos todos irmãos do campo", enfatizou.

Ele destaca o papel do Senar e do próprio sindicato na qualificação dos produtores. "Temos uma grande variedade de cursos que vão desde produção de bolos e pães até manejo de gado e técnicas de comercialização. O objetivo é que o produtor consiga agregar valor ao seu produto e alcançar rentabilidade, independentemente do porte da sua propriedade".

O presidente do SRCG finalizou a entrevista falando da importância da união entre as entidades do agro, como Famasul, Acrissul e a Associação dos Criadores de Nelore.

"Essas instituições são fundamentais, especialmente no cenário atual do Brasil. É essencial que atuem em conjunto, com sinergia, para que o agro continue forte. Muitas vezes, o público urbano desconhece o esforço do campo. Nosso papel é também educativo e representativo", explicou.

Monreal ainda demonstrou preocupação com as possíveis geadas. "Estamos atentos. Se acontecer agora, no florescimento do milho, o prejuízo pode ser grande. Os produtores precisam estar preparados, garantindo nutrição adequada aos animais e protegendo lavouras sensíveis. O agro é uma luta diária, mas seguimos fortes."

Além do conteúdo técnico, a programação contempla exposição de produtos e serviços, a entrega do 4º Prêmio de Agrojornalismo e do 3º Prêmio Agro Estudantil, iniciativas que reconhecem boas práticas na comunicação e inovação do setor agropecuário. As inscrições podem ser feitas pelo site srcg.com.br. Mais informações pelo telefone (67) 3341-2151.