Rayani Santa Cruz | 27 de maio de 2025 - 10h30

Pacientes com polidactilia começam a ser reavaliados após até cinco anos na fila do SUS

Parceria entre Prefeitura e Fiocruz atende pacientes que aguardam desde 2019 por cirurgia corretiva para dedos extras nas mãos ou pés

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Atendimento na USF Coophavilla II marca início do mutirão para reavaliar pacientes com polidactilia em Campo Grande - (Foto: Freepik)

Campo Grande iniciou nesta terça-feira (27) uma força-tarefa para reavaliar pacientes que aguardam por cirurgias corretivas de polidactilia, condição congênita caracterizada pela presença de dedos extras nas mãos ou nos pés. A ação, realizada pela Secretaria Municipal de Saúde (Sesau) em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), vai até o dia 5 de junho e marca um esforço conjunto para reduzir filas históricas e devolver dignidade a dezenas de pessoas que esperam desde 2019 por atendimento.

Segundo dados do Sistema de Regulação (Sisreg), 31 pacientes estavam na fila para esse procedimento, alguns há mais de cinco anos. Todos já foram previamente agendados e passarão por avaliação em uma das cinco Unidades de Saúde da Família (USFs) selecionadas para o mutirão: Moreninha III, Serradinho, Paulo Coelho, Santa Emília e Coophavilla II. Os atendimentos ocorrem no período da tarde.

Após a reavaliação, os pacientes serão encaminhados para cirurgia ou para acompanhamento clínico, conforme o parecer da equipe médica. A ação também contempla moradores de municípios do interior, como Corumbá e Terenos, que serão atendidos previamente por teleconsulta, evitando deslocamentos desnecessários.

“Um dedo a mais pode ser motivo de piada, mas para quem vive, é dor” - Para a secretária municipal de Saúde, Rosana Leite de Melo, a ação vai além da correção física. “Um dedo a mais pode até virar motivo de piada, mas para quem vive isso, não tem nada de engraçado. É sobre devolver qualidade de vida e autoestima. Nosso compromisso é garantir que ninguém fique para trás”, afirmou.

A superintendente de Relações Institucionais da Sesau, Ana Paula Borges, ressaltou a sensibilidade da força-tarefa. “São pessoas que carregaram essa espera por anos. Não vemos números, vemos histórias.”

A ação faz parte do projeto Qualifica APS, desenvolvido pelo Centro de Estudos Estratégicos da Fiocruz, com foco na capacitação das equipes da Atenção Primária para oferecer soluções diretas nas unidades de saúde. Dinaci Ranzi, coordenadora local do projeto, destacou que o objetivo é reduzir filas antigas e tornar o SUS mais eficiente: “É uma demonstração concreta de que queremos resolver”.

Larissa Missirian, médica reguladora da Sesau, pontuou o impacto humano da ação. “Muitos pacientes ficam em silêncio ao saberem do agendamento. Estavam desacreditados. Isso mostra o quanto essa resposta é mais do que técnica: é sobre esperança.”

Para marcar o início do mutirão, a primeira rodada de atendimentos acontece nesta quarta-feira (29), às 14h, na USF Coophavilla II. A agenda contará com a presença da secretária Rosana Leite de Melo, de equipes técnicas da Sesau e de representantes da Fiocruz.