Dados do Censo Demográfico 2022, divulgados pelo IBGE, revelam que o Brasil tinha 14,4 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência no ano da coleta, o que representa 7,3% da população com dois anos ou mais. Pela primeira vez, o instituto também identificou 2,4 milhões de pessoas com autismo no país, em atendimento à Lei nº 13.861, sancionada em 2019, que determinou a inclusão do tema nas pesquisas censitárias.

Apesar do avanço na coleta, a forma como os dados foram apresentados gerou críticas de especialistas. Emerson Maia Damasceno, presidente da Comissão de Defesa da Pessoa com Deficiência da OAB no Ceará, afirmou em entrevista à Rádio Eldorado que as mudanças metodológicas em relação ao Censo de 2010, além da forma de divulgação, podem ter provocado confusão na compreensão dos números e até subestimado o total de pessoas com deficiência no Brasil.

Apresentação dos dados levanta dúvidas sobre cobertura - Segundo o IBGE, as informações sobre o autismo foram divulgadas separadamente das demais deficiências. Pessoas com deficiência psicossocial ou com outros tipos de comprometimento funcional seguem classificadas na categoria geral de pessoas com deficiência, sem detalhamento específico.

A distinção, no entanto, não ficou clara para parte dos analistas. Para Damasceno, a forma como o instituto organizou os dados dificulta o entendimento da real dimensão da população com deficiência no país, o que pode impactar a elaboração de políticas públicas direcionadas.

Mesmo com as limitações apontadas, os números ajudam a dimensionar o desafio de garantir acessibilidade, atendimento especializado e inclusão para milhões de brasileiros. Especialistas defendem que o avanço na coleta precisa ser acompanhado por investimentos em educação inclusiva, saúde, mercado de trabalho e infraestrutura urbana adaptada.