Conselho do Corinthians aprova impeachment de Augusto Melo após escândalo com patrocínio e denúncia
Presidente foi destituído por gestão temerária em meio a investigações de lavagem de dinheiro e suspeitas de ligação com grupo criminoso
FUTEBOLPresidência de Augusto Melo no Corinthians chegou oficialmente ao fim nesta segunda-feira (27), após o Conselho Deliberativo do clube aprovar o processo de impeachment que tramitava desde o ano passado. A decisão marca o desfecho de uma gestão marcada por denúncias de irregularidades, acusações criminais e disputas jurídicas intensas.
Melo foi acusado de gestão temerária, uma das infrações previstas no estatuto do clube para justificar a destituição de um presidente. O ponto central da crise foi o contrato com a antiga patrocinadora "Vai de Bet", que rescindiu o vínculo após revelações de que a intermediação do acordo envolvia empresas de fachada — incluindo a UJ Football Tallent, ligada ao PCC segundo investigação da Polícia Civil.
Contrato com empresa suspeita foi estopim da crise - O caso começou a ganhar contornos mais graves em maio, quando Augusto Melo foi formalmente indiciado por associação criminosa, furto qualificado por abuso de confiança e lavagem de dinheiro. O ex-diretor administrativo Marcelo Mariano, o ex-superintendente de marketing Sérgio Moura e o empresário Alex Cassundé também foram incluídos no inquérito policial.
Além da crise jurídica, Augusto enfrentava ao menos três processos de impeachment relacionados a problemas financeiros internos, como a reprovação das contas de 2023 e o aumento do passivo do clube.
Nos bastidores, a defesa de Melo tentou barrar o processo de todas as formas. O advogado Ricardo Cury afirmou que o inquérito policial foi concluído de maneira estratégica, a apenas três dias da votação, e alegou falta de oportunidade para defesa adequada. O presidente afastado ainda recorreu à Justiça com pedidos de habeas corpus e suspensões da sessão, mas sem sucesso definitivo.
Um efeito suspensivo chegou a ser concedido em dezembro do ano passado, durante uma tentativa de votação, mas acabou derrubado por recurso do presidente do Conselho Deliberativo, Romeu Tuma.
A última tentativa de impedir a reunião partiu de um grupo de aliados de Melo, que contratou o ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo. Ainda assim, a reunião foi mantida e a destituição aprovada.
Crise interna teve início ainda em 2024 - O processo começou oficialmente em agosto de 2024, quando a Comissão de Justiça produziu relatório ligando a presidência ao uso de empresas “laranjas”. Logo depois, o grupo Movimento Reconstrução SCCP, liderado por conselheiros opositores, protocolou uma representação contra o presidente.
O documento foi anexado ao relatório da Comissão de Justiça e enviado à Comissão de Ética, que recomendou suspensão do processo até a conclusão das investigações. Apesar da recomendação, a maioria do Conselho decidiu seguir com o julgamento.
Com a votação concluída e o impeachment confirmado, os próximos passos devem incluir uma nova batalha jurídica, com a defesa de Augusto prometendo levar o caso à esfera federal.