Rayssa Motta e Fausto Macedo | 21 de maio de 2025 - 15h15

Delegada Érika Marena se aposenta da Polícia Federal após 22 anos de carreira

Figura central na Lava Jato e envolvida em casos polêmicos como o de Luiz Carlos Cancellier, delegada deixa o serviço público de forma voluntária

NACIONAL
A delegada Erika Marena iniciou a carreira na Polícia Federal em 2003 - (Foto: Dida Sampaio/Estadão)

Aposentadoria da delegada Érika Marena, publicada nesta quarta-feira (21) no Diário Oficial da União, marca o fim de uma trajetória de 22 anos na Polícia Federal. De classe especial — o topo da carreira na corporação —, Érika atuou em algumas das investigações mais conhecidas do país, como a Operação Lava Jato e o caso que envolveu a prisão do ex-reitor da UFSC, Luiz Carlos Cancellier.

Marena se aposentou de forma voluntária. Sua saída oficializa a conclusão de um percurso que começou no fim dos anos 1990 e que passou por momentos de destaque e também de forte controvérsia.

Foi ela quem batizou a Operação Lava Jato em 2014, que investigou um esquema bilionário de corrupção na Petrobras, com envolvimento de empreiteiras, políticos e operadores financeiros. A operação teve início em Curitiba e desencadeou uma série de fases ao longo dos anos, com repercussões profundas no cenário político e econômico do país.

Pelo protagonismo na Lava Jato, Érika foi nomeada para o Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI) durante o governo de Jair Bolsonaro. O convite veio de Sérgio Moro, ex-juiz da operação e, à época, ministro da Justiça. Ela permaneceu no cargo até junho de 2020, saindo após a saída de Moro do ministério.

Caso Cancellier e críticas à atuação - Entre os episódios mais polêmicos da carreira da delegada está sua atuação na Operação Ouvidos Moucos, deflagrada em 2017. Érika foi responsável pelo pedido de prisão do reitor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Luiz Carlos Cancellier, acusado de irregularidades em programas de ensino à distância.

Cancellier negava as acusações e tirou a própria vida menos de três semanas após a prisão, jogando-se do alto de um shopping em Florianópolis. O caso gerou duras críticas à condução da operação, especialmente quanto à forma da prisão e à exposição pública do reitor.

Trajetória antes e além das grandes operações - Antes da Lava Jato, Érika já havia atuado na investigação do caso Banestado, no final dos anos 1990, operação que também deu visibilidade a Sérgio Moro. Ao longo da carreira, exerceu ainda os cargos de procuradora do Banco Central, técnica da Justiça Eleitoral e superintendente da Polícia Federal no estado de Sergipe.

Com a publicação da aposentadoria no Diário Oficial, o cargo ocupado por Érika Marena foi declarado oficialmente vago.