05 de maio de 2025 - 15h45

Reprovação de contas intensifica crise e novo pedido de impeachment ameaça presidente do Corinthians

Déficit de R$ 181 milhões e aumento da dívida para R$ 2,4 bilhões motivam conselheiro a protocolar novo pedido de destituição contra Augusto Melo

FUTEBOL
Augusto Melo é alvo de novo pedido de impeachment no Corinthians - Foto: Bruno Accorrsi/Estadão

Mais um pedido de impeachment foi protocolado contra o presidente do Corinthians, Augusto Melo. O motivo desta vez foi a reprovação das contas da temporada de 2024 pelo Conselho Deliberativo do clube, o que acirra ainda mais a crise política no Parque São Jorge.

O novo pedido foi apresentado por Paulo Roberto Bastos Pedro, integrante do Conselho de Orientação (Cori), responsável pela fiscalização da diretoria. O documento, ao qual o Estadão teve acesso, aponta um déficit de R$ 181,8 milhões no último exercício e um aumento expressivo do endividamento geral do clube, que teria alcançado R$ 2,4 bilhões.

“Diversas infrações estatutárias e legais acarretam na necessidade do requerimento de abertura do processo de destituição em obediência às regras estatutárias”, afirma o conselheiro no requerimento.

Segundo o documento, o pedido se baseia nos artigos 106, alíneas "C", "D" e "E" do estatuto social do clube, que prevê a destituição de administradores em casos como reprovação de contas, infração de normas internas ou gestão temerária. A legislação é amparada também pela Lei Geral do Esporte, que responsabiliza dirigentes por má gestão, com consequências tanto administrativas quanto cíveis e penais.

Paulo Roberto é filiado à Chapa 82 – Movimento Corinthians Grande, um dos grupos políticos mais influentes do clube e que, inclusive, apoiou Augusto Melo na eleição de 2023.

Com isso, o presidente do clube se torna alvo de três processos de impeachment. O primeiro foi aberto em setembro do ano passado, motivado pela polêmica parceria com a empresa de apostas Vai de Bet, e continua parado no Conselho Deliberativo. O segundo foi solicitado também pelo Cori, em razão de falhas e falta de transparência na apresentação das finanças da gestão.

Um relatório interno do Cori revelou que o passivo total do Corinthians aumentou em R$ 829 milhões no primeiro ano da administração atual, o que acendeu o alerta entre os conselheiros e membros de oposição.

A partir de agora, o novo pedido de impeachment segue os trâmites previstos no regimento interno do clube, e deverá ser avaliado em reunião do Conselho Deliberativo, ainda sem data definida.