Luiz Araújo | 29 de abril de 2025 - 17h05

Simone Tebet alerta para falta de planejamento no Brasil e defende metas de longo prazo

Ministra do Planejamento critica ausência de visão estratégica diante de crises e diz que país envelhece sem ter se tornado rico

MINISTRA DO PLANEJAMENTO
Ministra Simone Tebet diz acreditar que Bolsonaro não estará no jogo político de 2026 - Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Declaração da ministra do Planejamento, Simone Tebet, durante evento realizado nesta terça-feira (29), reacende o debate sobre a necessidade de políticas públicas de longo prazo no Brasil. Em sua fala durante o seminário Diálogos para a Construção da Estratégia Brasil 2050, Tebet foi direta: o país envelhece mal e sem planejamento.

“Estamos envelhecendo antes de ficarmos ricos, diferente da Europa. E o pior: com pouco espaço para discutir o futuro”, disse. Segundo ela, a ausência de um plano estruturado torna o Brasil vulnerável diante de crises que se acumulam e acabam atropelando qualquer tentativa de organização estratégica.

‘Policrise’ e miopia institucional - Tebet usou o termo “policrise” para se referir à sobreposição de emergências — como mudanças climáticas, desigualdade social e instabilidade econômica — que dificultam a criação de metas de longo prazo. “É muito difícil falar de planejamento no Brasil. Temos poucos ouvidos quando falamos disso”, declarou.

Durante sua apresentação, a ministra provocou a audiência com uma reflexão: “Como seria o Brasil de hoje se tivesse feito a estratégia ‘Brasil 2025’ lá nos anos 2000?”

Com prazo até 31 de julho, o governo federal trabalha na consolidação da chamada Estratégia Brasil 2050, uma proposta de planejamento nacional com metas até a metade do século. O projeto tem realizado seminários em diversos Estados, reunindo especialistas e representantes da sociedade civil.

A escolha do ano de 2050 como referência está alinhada às metas internacionais de redução de emissões de gases de efeito estufa. Além disso, projeções do IBGE apontam que a pirâmide etária brasileira deve se inverter até lá, com mais idosos do que jovens, exigindo reformas profundas nas áreas de saúde, previdência, educação e trabalho.

A iniciativa prevê o mapeamento de megatendências, análise de riscos e oportunidades, identificação de vulnerabilidades e construção de cenários possíveis para o país nas próximas décadas. O objetivo, segundo o governo, é preparar o Brasil para lidar com incertezas, antecipar crises e reduzir desigualdades estruturais.