Onça-pintada capturada no Pantanal está desidratada e com órgãos comprometidos, apontam exames
Animal foi levado ao CRAS após ataque fatal a caseiro; veterinários tentam reverter estado crítico
EM AVALIAÇÃOCom quadro de desidratação severa e perda significativa de peso, a onça-pintada capturada no Pantanal após o ataque fatal ao caseiro Jorge Ávalo, 60, segue sob cuidados intensivos no Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (CRAS), em Campo Grande.
Segundo boletim veterinário divulgado pelo Governo de Mato Grosso do Sul, o animal apresenta também alterações nos rins, fígado e trato gastrointestinal, condições que indicam um estado clínico delicado. Com cerca de 9 anos de idade e 94 quilos, o felino está 26 quilos abaixo do peso esperado para um macho adulto da espécie.
Após o resgate, realizado três dias depois do ataque, a onça passou por uma bateria de exames, incluindo coleta de sangue, fezes, raio-x e ultrassom. Os veterinários ainda aguardam laudos complementares para fechar o diagnóstico definitivo.
Animal segue consciente, mas estado inspira cuidados - De acordo com o CRAS, a onça acordou da anestesia consciente e apresentou comportamento considerado normal durante a primeira noite sob observação. Mesmo assim, o estado geral de saúde preocupa.
“O grau de desidratação é alto, e o comprometimento hepático e renal é evidente. O foco neste momento é hidratar e estabilizar o animal, para só depois avaliar possibilidades de tratamento a longo prazo”, explicou Artur Falcette, secretário executivo de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc).
Especialista em animais de grande porte da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS), o professor Gediendson Araújo ressalta que a magreza extrema é um sinal de alerta. “Um felino desse porte não deveria apresentar tanta perda de massa corporal. Precisamos identificar se há doenças subjacentes que justifiquem esse quadro clínico tão debilitado”, afirmou.
Caso raro e de difícil manejo - A captura da onça foi tratada como um evento atípico pelos técnicos envolvidos na operação. Animais desse porte e comportamento normalmente evitam contato humano, e o fato de a onça ter atacado um ser humano chama a atenção de especialistas para possíveis anormalidades físicas ou comportamentais.
No CRAS, o felino está isolado em área segura e passará por monitoramento constante. A prioridade da equipe é garantir suporte intensivo para corrigir o quadro de desidratação e avaliar a possibilidade de reabilitação, embora o futuro do animal ainda seja incerto.