Isabela Moya | 21 de abril de 2025 - 13h42

Quais cardeais brasileiros participam do conclave para escolher o próximo papa

Brasil tem oito cardeais no total; apenas um ultrapassou o limite de idade para votar, mas todos podem ser eleitos

CONCLAVE
Sete cardeais brasileiros estão aptos a votar no conclave que escolherá o sucessor do papa Francisco, morto nesta segunda-feira (21).

Com a morte do papa Francisco nesta segunda-feira (21), a Igreja Católica entra em um período conhecido como Sé Vacante, no qual o trono papal permanece vago até que um novo pontífice seja eleito. O processo de escolha é feito em um conclave, com a participação de cardeais do mundo todo. O Brasil, país com a maior população católica do planeta, conta com oito cardeais vivos, sendo sete aptos a votar no conclave e todos com direito a serem eleitos.

Pelas regras do Vaticano, apenas cardeais com menos de 80 anos no início do conclave podem participar da eleição como eleitores. Os demais, embora sem direito a voto, continuam elegíveis como papáveis — ou seja, podem ser escolhidos para assumir o cargo de papa.

Os brasileiros no Colégio Cardinalício

Cardeal Odilo Pedro Scherer - Arcebispo da Arquidiocese de São Paulo, Odilo Scherer tem 75 anos e é um dos cardeais brasileiros mais conhecidos. Nascido no Rio Grande do Sul, é doutor em Teologia pela Pontifícia Universidade Gregoriana, de Roma, e já foi secretário-geral da CNBB. É autor de livros como Justo Sofredor e Reflexões sobre Fé e Política.

Cardeal João Braz de Aviz - Com 77 anos, é natural de Mafra (SC) e arcebispo emérito de Brasília. Até janeiro deste ano, foi prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica no Vaticano, um dos principais órgãos da Cúria Romana. Sua atuação é marcada pela defesa do diálogo e pela modernização da vida consagrada.

Cardeal Orani João Tempesta - Aos 75 anos, é arcebispo do Rio de Janeiro desde 2009. Ingressou na Ordem dos Cistercienses e estudou Filosofia e Teologia em São Paulo e Minas Gerais. É uma figura frequente em eventos católicos e ações sociais na capital fluminense.

Cardeal Sergio da Rocha - Atual arcebispo de Salvador, tem 65 anos e é natural de Dobrada (SP). Possui doutorado em Teologia Moral pela Academia Alfonsiana, de Roma. Já foi presidente da CNBB e arcebispo de Brasília antes de ser nomeado pelo papa Francisco para Salvador, em 2020.

Cardeal Paulo Cezar Costa - Com 57 anos, é o mais jovem entre os cardeais brasileiros com direito a voto. Atual arcebispo de Brasília, também é membro do Pontifício Conselho para a Unidade dos Cristãos e da Pontifícia Comissão para a América Latina. Na CNBB, atua como diretor do Instituto Nacional de Pastoral.

Cardeal Leonardo Ulrich Steiner - Natural de Forquilhinha (SC), tem 74 anos e é o arcebispo metropolitano de Manaus desde 2019. Franciscano, é doutor em Filosofia pela Pontifícia Universidade Antonianum, de Roma. Sua atuação no coração da Amazônia tem dado visibilidade à Igreja na região, especialmente em temas ambientais e indígenas.

Cardeal Jaime Spengler - Com 64 anos, é arcebispo de Porto Alegre e atual presidente da CNBB. Também natural de Santa Catarina, é doutor em Filosofia e tem trajetória ligada à Ordem dos Frades Menores. Foi nomeado bispo auxiliar de Porto Alegre por Bento XVI, em 2010.

Cardeal sem direito a voto

Cardeal Raymundo Damasceno Assis - Aos 88 anos, Damasceno Assis está acima da idade limite para votação. Foi arcebispo de Aparecida (SP) até 2016 e teve papel importante na CNBB, tendo sido presidente da entidade entre 2011 e 2015. Também integrou a Pontifícia Comissão para a América Latina. Mesmo sem votar, continua apto a ser eleito, conforme prevê a legislação canônica.

Como funciona o conclave - O período entre a morte de um papa e a eleição do próximo é chamado de Sé Vacante. Durante esse intervalo, o governo da Igreja é temporariamente assumido pelo Colégio Cardinalício, que convoca o conclave entre 15 e 20 dias após a morte do pontífice.

O conclave ocorre na Capela Sistina, no Vaticano. Os cardeais eleitores ficam isolados do mundo exterior, sem acesso a celulares ou comunicação com o público. As votações ocorrem em rodadas e são secretas. Para ser eleito, um candidato precisa obter dois terços dos votos dos cardeais presentes.

Antes de iniciar a votação, os cardeais juram manter sigilo absoluto sobre tudo o que for dito ou feito no conclave. O descumprimento dessa regra resulta em excomunhão.

O processo termina quando um cardeal atinge a maioria qualificada. A tradicional fumaça branca, que sai da chaminé da Capela Sistina, indica ao mundo que um novo papa foi escolhido.