Escola agrícola transforma ensino e leva os alunos para o campo desde cedo
Na Expogrande, Regivaldo Ortega fala da Escola Agrícola Barão do Rio Branco e do ensino que une sala de aula, campo e queijo feito por crianças
EXPOGRANDE 2025Em meio à movimentação da Expogrande 2025, no estúdio do jornal A Crítica, quem passou para conversar foi o professor Regivaldo Ortega, coordenador de campo da Escola Agrícola Municipal Barão do Rio Branco, localizada no distrito de Rochedinho, a cerca de 30 km de Campo Grande.
Com fala simples e empolgada, ele explicou por que a escola tem chamado atenção: lá, alunos aprendem criando, plantando, colhendo e transformando tudo com as próprias mãos. “A gente quer que eles sintam amor pelo campo. Que entendam que produzir também é conhecimento”, resume Regivaldo.
Educação com cheiro de terra - A escola tem cerca de 340 alunos, desde o infantil até o ensino médio. O diferencial está na prática: além da teoria, os estudantes cuidam de hortas, granjas, piscicultura, suinocultura, produção de leite, abelhas sem ferrão e muito mais.
“Eles não só aprendem como vivem. Uma criança de quatro anos que colhe alface e entrega na cozinha da escola, ou que tira o leite e transforma em queijo, cresce com outra visão de mundo”, conta o coordenador.
Celular na aula? Só para fotografar - Ortega diz que o celular não é proibido — mas tem função certa: registrar o que estão fazendo. “Eles usam o celular pra tirar foto do peixe crescendo, da horta sendo cuidada. É uma outra relação com a tecnologia. Aqui, ela serve para guardar a prática, não substituir”, explica.
Do queijo da escola para a festa da cidade - Um dos orgulhos da Escola Barão do Rio Branco é a produção de queijo artesanal com padrão profissional. Segundo Regivaldo, tudo é feito com o apoio dos alunos — desde a ordenha até a prensagem.
“E tem qualidade, viu? Temos um padrão. Se você comprar o queijo hoje e daqui um mês, ele tem o mesmo sabor, a mesma textura”, afirma.
A produção, inclusive, é um dos destaques da Festa do Queijo de Rochedinho, que chega este ano à sua 8ª edição, no dia 10 de maio. “A escola participa com estande próprio e os produtos são apresentados pelos próprios alunos, que explicam cada passo da produção. É bonito de ver”, diz.
Do mel à piscicultura, os aprendizados são reais - Na lista das atividades mais queridas pelos estudantes, estão a criação de peixes, o manejo das galinhas poedeiras, a colheita da horta, o processo do leite ao queijo, e o meliponário — um espaço com abelhas nativas sem ferrão, como a jataí.
“Eles reconhecem a rainha, observam as colmeias, aprendem de onde vem o mel. E tudo isso com segurança e muito respeito à natureza”, reforça o professor.
Uma geração que sabe de onde vem a comida - Regivaldo se emociona ao dizer que o maior ganho do projeto é formar cidadãos que sabem de onde vem o alimento. “Tem criança que acha que leite vem da caixinha. Os nossos alunos sabem que vem da vaca. E mais: eles tiram, fervem, transformam.” A vivência no campo cria laços fortes. “É na prática que eles aprendem o valor do trabalho, da paciência, da transformação”, finaliza.