Cavalo de Costa Rica conquista vaga na final da raça crioula após vitória na Expogrande
Com postura firme e pelagem escura, "Juramento da Barra Funda" leva prêmio máximo da exposição e emociona criador sul-mato-grossense
CAVALOSO sábado (06) começou com céu claro, gente chegando cedo e olhos atentos à pista de areia no Parque de Exposições Laucídio Coelho, em Campo Grande. Era dia de escolher os melhores cavalos da raça crioula. E foi ali, entre assobios, palmas e olhares orgulhosos, que um cavalo vindo de Costa Rica, cidade do interior de Mato Grosso do Sul, roubou a cena e garantiu seu lugar na final nacional, que será realizada no Rio Grande do Sul.
O nome do campeão é Juramento da Barra Funda. Pode parecer nome de personagem de novela rural, mas é mesmo de cavalo premiado. Criado por Roberto Araújo Diedrich, que também é presidente do Núcleo de Criadores de Cavalos Crioulos de MS, Juramento venceu a exposição morfológica e agora vai defender o Estado na Expointer, um dos maiores eventos do setor no país.
“Esse é um sonho de guri realizado”, contou Diedrich, ainda emocionado com o prêmio. Ele fala de Juramento como quem fala de um filho. Com orgulho e cuidado. “Esse animal representa tudo o que a gente acredita: genética, manejo, tradição.”
A pista de areia virou palco de um espetáculo silencioso. Os cavalos desfilavam lentamente enquanto jurados avaliavam cada detalhe: estrutura óssea, musculatura, elegância ao caminhar. Não é corrida, é julgamento estético — como um desfile de beleza rural.
Ao todo, 35 cavalos da raça crioula foram avaliados. Entre eles, oito foram escolhidos para representar a região: quatro machos e quatro fêmeas. Entre as fêmeas, quem se destacou foi Imagem de Santa Larissa, criada no Paraná, que andou com leveza e parecia saber que estava sendo observada.
“Esse cavalo de MS tem uma cabeça linda, boa angulação e movimentação correta. É jovem, mas completo”, elogiou Luciano Corrêa Passos, jurado que veio de Bagé (RS), uma espécie de berço da raça crioula.
Para os leigos, o cavalo crioulo pode parecer apenas mais um cavalo. Mas entre os criadores, ele é tratado como patrimônio cultural. A raça, originária do sul do continente, é conhecida pela resistência, força e inteligência. E o Brasil, nos últimos anos, tem se tornado um dos principais polos de criação.
Campo Grande entrou no mapa dessa expansão. A Expogrande, com seus leilões, shows e churrascos, também abriu espaço para o julgamento morfológico da raça crioula. A cada edição, mais criadores participam e mais público se aproxima para entender o que está acontecendo naquela pista redonda, onde o silêncio é tão importante quanto a genética.
“Há 10 anos, ninguém falava em pista morfológica aqui. Hoje, temos campeões. Isso mostra que o cavalo crioulo está ganhando espaço no Estado”, diz Diedrich.
Entre os curiosos, havia crianças que se aproximavam para ver de perto os animais, idosos que comentavam baixinho o porte dos cavalos e jovens que aproveitavam para tirar fotos com os competidores. O clima era de festa com cheiro de feno.
O campeão, Juramento, volta agora para Costa Rica como estrela. Nos próximos meses, ele será preparado para a grande final em Esteio (RS). Vai competir com animais de todo o Brasil — todos igualmente tratados como joias.
E assim, no meio de uma feira onde se vende de tudo — de trator a cocada —, um cavalo nascido no interior do Mato Grosso do Sul provou que beleza, genética e postura podem mesmo abrir caminhos longos. E, quem sabe, até eternizar seu nome no cenário nacional da raça crioula.