01 de abril de 2025 - 04h45

Saiba por que 1º de abril é o Dia da Mentira em diversos países

Dia da Mentira tem origem no século XVI e histórias que envolvem até ex-presidentes e relógios famosos

DIA DA MENTIRA
Tradição do 1º de abril vem da Europa e envolve de trotes entre amigos a pegadinhas midiáticas - (JOÉDSON ALVES/AGÊNCIA BRASIL)

O 1º de abril é, oficialmente, o dia em que mentir é permitido — ou, ao menos, perdoado com risadas. Conhecido como Dia da Mentira ou Dia dos Bobos, a data é marcada por trotes, notícias falsas publicadas de propósito e pequenos truques entre amigos, colegas de trabalho e até veículos de imprensa.

Embora pareça uma invenção recente da internet, a tradição tem raízes na Europa do século XVI. Em 1582, o papa Gregório XIII instituiu o calendário gregoriano, deslocando a celebração do Ano Novo para o dia 1º de janeiro. Até então, o ano era renovado no fim de março, com festas que se estendiam até o dia 1º de abril. Quem insistia em comemorar na data antiga passou a ser chamado de “bobo”, e virou alvo de piadas.

Com o tempo, o “ano novo falso” virou um dia de brincadeiras e trotes, uma tradição que se espalhou por diversos países.

Peixinhos nas costas e bobos em abril - Na França e na Itália, o dia é chamado de Poisson d’Avril e Pesce d’Aprile, respectivamente — ambos significam “Peixe de Abril”. Crianças e adolescentes colam desenhos de peixes nas costas dos colegas, e o alvo só percebe a pegadinha horas depois. No mundo anglófono, especialmente nos Estados Unidos e no Reino Unido, o dia é conhecido como April Fool’s Day (Dia dos Bobos de Abril).

Já no Brasil, a tradição chegou em 1828, pelas páginas de um jornal mineiro chamado “A Mentira”. A primeira edição, publicada em 1º de abril, trazia na manchete a falsa notícia da morte de Dom Pedro I. O jornal avisava, na própria edição, que se tratava de uma brincadeira — inaugurando por aqui o costume da mentira com data marcada.

Mentiras históricas — e criativas - Com o passar dos anos, empresas e veículos de comunicação passaram a participar da tradição, às vezes com um senso de humor que ultrapassava o aceitável para alguns. Em 1980, a respeitada BBC, do Reino Unido, anunciou que o Big Ben, o tradicional relógio londrino, teria os ponteiros substituídos por um mostrador digital. O ouvinte mais rápido que ligasse para a rádio ganharia os antigos ponteiros de presente.

Já em 1992, a National Public Radio (NPR), dos Estados Unidos, entrevistou o comediante Rich Little, fingindo ser o ex-presidente Richard Nixon. Na conversa — fictícia, claro — Nixon anunciava sua nova candidatura à presidência, 18 anos depois de renunciar por causa do escândalo de Watergate. Muita gente caiu, e não achou graça.

Brincadeiras com limites - Apesar de o 1º de abril ser encarado com leveza, algumas mentiras extrapolam o bom senso. Em tempos de fake news e desinformação, a linha entre a brincadeira inofensiva e o boato malicioso ficou mais tênue. Ainda assim, a tradição persiste, principalmente em ambientes escolares e familiares, onde uma pegadinha bem feita pode virar assunto por semanas.

A data continua sendo uma pausa no calendário para rir de si mesmo e dos outros, desde que com respeito. Afinal, como já dizia o velho ditado, “mentira tem perna curta” — mas, no 1º de abril, ela pode correr livremente por um dia.