Espetáculo performático e roda de conversa com foco em resistência feminina e corpos dissidentes integram a programação do Núcleo Fuga! em Mato Grosso do Sul. Com apoio do Prêmio Funarte de Dança Klauss Vianna, o grupo apresenta a obra “SustentAção” nas ruas de Campo Grande e Dourados entre os dias 29 de março e 2 de abril.

Em Campo Grande, a performance será encenada nos dias 31 de março e 2 de abril, a partir das 15h30, com saída da Praça Ary Coelho. Em Dourados, as apresentações ocorrem em datas ainda não divulgadas. A obra acontece em espaços públicos, com trajeto definido nas ruas do centro, priorizando acessibilidade e presença de intérpretes de Libras.

Intervenção urbana do Núcleo Fuga! percorre centros urbanos com movimentos coreográficos de resistência e cuidado coletivo - (Foto: Gabriela Zanardi)

Criada por Bruna Reis, Dora de Andrade e Gabriela Giannetti, a obra reúne dança e performance em três movimentos — Amparar, Apoiar e Vingar — como forma de refletir e reagir a um sistema considerado pelo grupo como misógino, violento e excludente. As ações coreográficas se constroem na relação entre mulheres e o espaço urbano, convocando olhares, escutas e participações.

“‘SustentAção’ surge do desejo de estarmos juntas em movimento, amparando e sendo amparadas, criando espaços de encontro, força e escuta para nossas urgências e histórias silenciadas”, explica Dora de Andrade, que também coordena o grupo de pesquisa Corpo Sendo, vinculado à Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS).

Conversas performativas ampliam o diálogo - Além das intervenções de rua, o projeto promove a “ConversAção”, rodas de conversa performativas que visam o diálogo com instituições, coletivos e grupos que atuam junto a mulheres e pessoas dissidentes de gênero, como pessoas trans e não binárias.

Em Campo Grande, os encontros acontecem nos dias 29 de março (à noite) e 1º de abril (pela manhã), com locais definidos em parceria com coletivos locais — informações atualizadas podem ser acessadas no perfil do grupo (@nucleofuga). As rodas de ConversAção também oferecem acessibilidade em Libras e ocorrem em espaços adaptados para pessoas com mobilidade reduzida.

“Essa roda é espaço de troca, escuta e partilha de experiências. Ao longo do percurso do projeto, esses encontros revelam histórias de força, dor, acolhimento e resistência, promovendo conexões profundas entre as participantes”, conta Bruna Reis, integrante do Núcleo Fuga!.

A cada cidade visitada, “SustentAção” provoca reações diversas entre os espectadores. A proposta é ocupar as ruas com um corpo coletivo em ação e, ao mesmo tempo, vulnerável. Em muitos momentos, mulheres que assistem à performance acabam se reconhecendo no gesto das artistas, se aproximam, interagem ou compartilham histórias.

“No último movimento da ação, convidamos o público — principalmente mulheres e pessoas dissidentes — a caminhar conosco. É nesse momento que surgem falas sobre o que se quer vingar, lembranças de mulheres que nos fortalecem, de quem nos faz seguir”, afirma Bruna.

A experiência é marcada por interações espontâneas e a criação de espaços de solidariedade temporária, em que a arte atua como instrumento de denúncia, acolhimento e transformação social.