Danilo Casaletti | 29 de março de 2025 - 19h24

Benson Boone estreia no Brasil com pop sentimental e jeito de estrela da internet

Cantor americano de 22 anos leva falsetes, drama e carisma para o palco do Lollapalooza e mostra que é mais do que só uma música famosa no TikTok

VARIEDADES
Lollapalooza: Benson Boone, do maior hit do TikTok em 2024, mostra que sabe o que é performar

Benson Boone não era o nome mais esperado do segundo dia de Lollapalooza 2025 — esse título ficou com Shawn Mendes e Alanis Morissette. Mas o cantor americano de 22 anos, que ficou famoso depois que sua música Beautiful Things viralizou no TikTok, conseguiu mostrar que é mais do que só uma trilha sonora de vídeos emocionais.

Ele entrou no palco ainda no fim da tarde de sábado (29), diante de um público dividido: parte curiosa, parte já esperando a atração seguinte. Mas bastou abrir a boca para cantar — e dar seus falsetes bem colocados — para chamar a atenção. Benson não tem banda, não tem cenário gigante, não dança. O que ele tem é intensidade. Aquela que parece exagerada, mas que funciona com gente jovem chorando no Lolla.

O cara que canta sofrência pop - Ele começou o show com Sorry I’m Here for Someone Else, uma música triste sobre amores não correspondidos — e batatas fritas. Sim, batatas fritas. Benson tem esse tom de drama adolescente que fala de coração partido como se fosse o fim do mundo. E é justamente isso que atrai o público: ele canta como se realmente estivesse sentindo tudo ali, na hora.

Na música Cry, ele começa calmo, mas a letra cresce até virar quase um grito. Em In the Stars, que ele fez em homenagem à avó, a voz dele segura a emoção e entrega o que o público quer ouvir: verdade. Mesmo que seja uma verdade ensaiada.

Do TikTok para o palco (com performance) - Benson Boone ficou conhecido em 2024 por ter a música mais vendida do mundo, Beautiful Things. Mas sua fama não é só pelos números. No Grammy Latino deste ano, ele fez uma performance que virou assunto. Começou sentado numa mesa da plateia, de smoking. No meio da música, a apresentadora Heidi Klum e a humorista Nikki Glaser arrancaram sua roupa e revelaram um macacão azul colado no corpo. Ele subiu no palco com uma pirueta e terminou ajeitando a calça — no pior momento possível. Foi um show pensado para chamar atenção. E conseguiu.

No Lollapalooza, ele foi mais contido, mas não menos performático. Mesmo sem acrobacias ou mudanças de figurino, Boone se movimenta como alguém que sabe que está sendo visto. Ele olha para cima, fecha os olhos, segura o microfone com as duas mãos, ajoelha, se joga — como quem pede para ser levado a sério.

Entre o drama e o carinho - Um dos momentos mais sinceros do show foi quando ele falou com o público. Disse estar muito feliz de estar no Brasil pela primeira vez. E parecia mesmo feliz. Também contou que In the Stars era sobre sua avó. São esses detalhes que tornam Benson menos personagem e mais gente.

O show incluiu músicas do novo álbum Fireworks & Rollerblades, como Sugar Sweet, seu primeiro single, lançado em 2023. Tudo com a mesma mistura de tristeza, melodia pegajosa e vocais que sobem até quase falhar — mas não falham.

E quando veio o hit…Na última música, o público sabia o que vinha. Quando começaram os primeiros acordes de Beautiful Things, os celulares subiram, as vozes aumentaram, e Benson Boone ficou com o palco todo para si. Ali, ele não precisava mais provar nada. Era só entregar o que todo mundo queria ouvir.

Benson não é um cantor que impressiona pela potência vocal. Nem tenta ser diferente dos outros. Ele é, na verdade, alguém que entendeu o espírito do tempo: emoções rápidas, refrões marcantes, e vídeos de 15 segundos. Mas no Lollapalooza, ficou claro que ele tem talento de sobra para transformar isso tudo em um show de verdade.