Giordanna Neves, Sofia Aguiar, Fernanda Trisotto, Victor Ohana | 18 de março de 2025 - 13h00

Haddad diz esperar relator à altura de projeto do IR, que abra debate com sociedade

Governo Lula apresenta nesta terça proposta de isenção do IR até R$ 5 mil mensais e criação de um imposto mínimo para quem ganha acima de R$ 50 mil por mês

IMPOSTO DE RENDA
'Muita gente considerou proposta do IR enexequível', diz Haddad - Wilton Junior/Estadão

Após anúncio do projeto de lei que amplia a isenção do Imposto de Renda (IR) para quem recebe até R$ 5 mil, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse esperar que seja designado um relator no Congresso à altura da importância da medida. O ministro reconheceu que a proposta pode sofrer alterações no Congresso e disse que outras ideias vão surgir, já que há várias "cabeças pensantes" que podem contribuir com o debate.

"Nós da área econômica, é o melhor que nós pudemos apresentar. Não é a verdade definitiva, é uma contribuição. Não tem caça às bruxas, não tem histeria, não teme ideologia", disse ele, durante cerimônia no Palácio do Planalto. "Vamos abrir debate na sociedade para verificar os seus pressupostos e ele pode ser aperfeiçoado como tudo que nós mandamos para o Congresso foi aperfeiçoado. Mas o que o presidente Lula está pedindo é considerar esses dois aspectos: neutralidade tributária e justiça social", comentou.

Haddad afirmou que a criação de um imposto mínimo tem como foco mirar pessoas que têm renda superior a R$ 1 milhão e fazer com que cidadãos de alta renda colaborem com as contas públicas.

Ele explicou que, quando a tributação dos mais ricos não chegar a 10%, será pedido que complementem a contribuição. Haddad esclareceu que a equipe técnica tomou cuidados para não haver má interpretação sobre a proposta, inclusive em relação à cobrança de imposto sobre dividendos. A medida, segundo ele, afetará pouco mais de 100 mil brasileiros.

O ministro avaliou que chegou o momento de o País enfrentar "feridas", como a questão da distribuição de renda. Sem a liderança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, disse, dificilmente esse debate seria sequer proposto.

Haddad reiterou ainda que este é o começo de uma discussão ampla com o Congresso e destacou que o governo defende que haja uma discussão absolutamente extensa, sem histeria e discórdia. De acordo com ele, todos, independentemente do partido, precisam estar sensíveis ao clamor pela justiça tributária.