'Cigarro eletrônico não é brincadeira, é um veneno', alerta Vigilância Sanitária
Autoridades de saúde reforçam os riscos do dispositivo e destacam aumento de casos graves entre jovens
CIGARRO ELETRÔNICOA Band FM da Grande Dourados recebeu nesta sexta-feira (14) o gerente de Apoio ao Sistema Estadual de Vigilância Sanitária, Matheus Moreira Pirolo, para uma entrevista sobre os riscos do cigarro eletrônico. O debate contou ainda com a presença das fiscais da Vigilância Sanitária de Fátima do Sul, Naiara Lemos e Cássia Belarmino.
Durante a entrevista, Pirolo destacou que o cigarro eletrônico tem preocupado as autoridades devido à sua popularização entre os jovens e os graves malefícios à saúde. "Estamos percorrendo os municípios do Mato Grosso do Sul, levando informação sobre os riscos do cigarro eletrônico, que está causando um adoecimento precoce na população jovem. Ao contrário do que foi inicialmente divulgado, ele é extremamente prejudicial, com um poder viciante muito maior do que o cigarro comum", alertou.
Mato Grosso do Sul entre os estados com maior consumo - O gerente da Vigilância Sanitária ressaltou que o Mato Grosso do Sul ocupa a segunda posição entre os estados brasileiros com maior consumo de cigarros eletrônicos. Segundo ele, a popularização desses dispositivos se intensificou durante a pandemia, com forte apelo ao público jovem.
"Esses produtos são coloridos, saborizados e vendidos como algo inofensivo. No entanto, estamos vendo casos alarmantes de doenças pulmonares e cardiovasculares em jovens que fazem uso desses dispositivos há poucos anos", explicou Pirolo.
Doenças graves e internações precoces - Os efeitos do cigarro eletrônico são devastadores e ocorrem em um curto período, segundo as autoridades sanitárias. "A DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica) é uma doença irreversível que, no caso do cigarro comum, aparece após 20 anos de uso. Com o cigarro eletrônico, estamos vendo jovens desenvolverem essa doença em apenas dois ou três anos", afirmou o gerente da Vigilância Sanitária.
Além das complicações pulmonares, o risco cardiovascular também preocupa. "Recentemente, um jovem em Campo Grande sofreu um infarto fulminante enquanto usava cigarro eletrônico. Ele caiu no chão e, ao lado dele, estava o dispositivo. Em alguns casos, esses cigarros eletrônicos contêm anabolizantes e outras substâncias desconhecidas, tornando-os ainda mais perigosos", relatou.
Outro caso citado por Pirolo foi o de um jovem de 21 anos que precisou retirar metade do pulmão após desenvolver complicações severas. "Ele começou a fumar aos 19 anos, misturando cigarro eletrônico com narguilé. Aos 21, já estava internado em estado grave, sem conseguir sair da UTI", disse o especialista.
Ligação com o tráfico de drogas - Outro ponto preocupante levantado pela Vigilância Sanitária é a relação entre o comércio de cigarros eletrônicos e o crime organizado. "O cigarro eletrônico entra no Brasil junto com drogas e armas. Quem compra esses produtos ilegais está, indiretamente, financiando o crime organizado", alertou Pirolo.
A fiscal da Vigilância Sanitária de Fátima do Sul, Cássia Belarmino, enfatizou a importância da educação para combater o problema. "No ano passado, percorremos as escolas estaduais de Fátima do Sul para alertar os alunos sobre os perigos do cigarro eletrônico. Nossa apresentação serviu de modelo para outras cidades, incluindo o Estado de Mato Grosso", afirmou.
Fiscalização intensificada e apreensões - Diante do avanço do uso do cigarro eletrônico, a fiscalização tem sido reforçada no Mato Grosso do Sul. "Recentemente, realizamos uma operação em parceria com a Polícia Rodoviária Federal no pré-carnaval e conseguimos apreender uma grande quantidade de cigarros eletrônicos. Também fizemos uma operação com a Delegacia do Consumidor, resultando na apreensão de mais de R$ 1 milhão em produtos ilícitos", revelou Pirolo.
Os estabelecimentos flagrados comercializando esses produtos estão sujeitos a penalidades severas. "Se um estabelecimento for pego vendendo cigarros eletrônicos, a multa é de R$ 30 mil e a interdição do local por 90 dias. Além disso, enviamos relatórios à Receita Federal para solicitar o cancelamento do CNPJ do infrator", explicou o gerente da Vigilância Sanitária.
O mito da liberação em outros países - Pirolo também desmentiu a ideia de que os cigarros eletrônicos são permitidos em países desenvolvidos. "A Inglaterra proibiu os cigarros eletrônicos descartáveis, que representam 80% do consumo por lá. A Bélgica e a Alemanha também baniram esses dispositivos. Então, esse argumento de que 'nos países desenvolvidos é liberado' é uma grande mentira", destacou.
Apelo aos pais e responsáveis - Ao final da entrevista, Matheus Pirolo fez um alerta para que os pais fiquem atentos ao comportamento dos filhos. "Os cigarros eletrônicos têm um apelo visual semelhante a pen drives, fácil de ser escondido pelos adolescentes. Os pais precisam estar atentos. Quem já está viciado, deve procurar imediatamente um posto de saúde para iniciar o tratamento de cessação do tabagismo", orientou.
O apresentador Cícero, da Band FM, reforçou a importância do debate. "Estamos aqui para trazer informação de qualidade e conscientizar a população. O cigarro eletrônico não é brincadeira, é um veneno", concluiu.