Da redação | 14 de março de 2025 - 09h48

Pesca do dourado pode ser liberada em MS, mas decisão fica para semana que vem

Deputados adiam decisão e futuro do peixe mais cobiçado dos rios sul-mato-grossenses segue indefinido

PRESERVAÇÃO AMBIENTAL
Proibida há cinco anos, pesca do Dourado em Mato Grosso do Sul pode ser liberda - (Foto: Reprodução)

A resposta deveria ter saído nesta quinta-feira (13), quando a Assembleia Legislativa analisaria o Projeto de Lei 39/2025, que propõe estender a proibição da pesca do dourado até 2027. Mas um pedido de vista da deputada Gleice Jane (PT) jogou a decisão para o dia 18 de março, reacendendo a disputa entre ambientalistas e pescadores profissionais.

Se o projeto não for aprovado a tempo, a pesca do dourado será automaticamente liberada no estado a partir de abril, encerrando seis anos de restrições impostas pela Lei 5.321/2019.

O que está em jogo? De um lado, defensores da preservação, como o autor do projeto, deputado Marcio Fernandes (MDB), alertam que ainda não há estudos suficientes para garantir que a população do dourado se recuperou. O projeto prevê mais dois anos de proibição, enquanto pesquisas científicas avaliam se o peixe pode voltar aos cardápios sem risco de extinção.

“Sem uma nova lei, a pesca será liberada automaticamente. O objetivo da prorrogação é evitar uma liberação prematura antes de termos dados concretos sobre a recuperação da espécie”, explica Fernandes.

Pelo texto do projeto, os estudos científicos, que deveriam ter sido apresentados em fevereiro deste ano, terão novo prazo até fevereiro de 2027, quando serão debatidos em audiência pública na Assembleia.

O outro lado da correnteza - A prorrogação da proibição não agrada a todos. Pescadores comerciais argumentam que seis anos sem pescar o dourado já foi tempo suficiente e que a restrição afetou a renda de centenas de famílias.

Há quem diga que o dourado já reapareceu nos rios e que estender a proibição beneficia apenas o turismo de pesca esportiva, onde turistas vêm ao estado apenas para pescar, tirar fotos e soltar o peixe de volta. Mas e os pescadores que dependem da venda do peixe? Esse é o argumento de quem defende a liberação.

Por outro lado, especialistas apontam que o dourado tem crescimento lento e reprodução complexa, o que justifica uma proteção mais prolongada para evitar um novo colapso populacional.

O que acontece agora? O adiamento dá tempo para os dois lados ajustarem suas estratégias. Quem defende a prorrogação tem alguns dias para pressionar os deputados a votarem a favor do projeto. Já quem quer a liberação pode usar o prazo para reforçar a narrativa de que a pesca precisa voltar o quanto antes.

Enquanto isso, o dourado segue como peça central de um embate entre tradição e conservação, entre o anzol e a ciência. No dia 18 de março, saberemos se ele continuará protegido ou voltará a ser capturado – mas, até lá, o peixe mais emblemático dos rios sul-mato-grossenses segue nadando em águas políticas turbulentas.