Da redação | 14 de março de 2025 - 08h59

Professor condenado por estupro deu aulas na UFMS por 9 anos sem punição

Professor condenado por estupro seguiu dando aulas na UFMS até sentença da Justiça

JUSTIÇA
UFMS - (Foto: Divulgação)

Por quase uma década, alunos da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) assistiram a aulas ministradas por um professor cujo passado carregava um segredo que a instituição preferiu ignorar. O homem, que agora foi condenado a 8 anos de prisão por estupro, seguiu exercendo sua função normalmente, sem que qualquer providência tivesse sido tomada. O afastamento só veio esta semana, depois da sentença judicial.

O caso aconteceu em 2016, durante uma festa universitária. A vítima, uma estudante de 22 anos, ingeriu bebidas alcoólicas e foi dormir em um dos quartos da república. O professor a seguiu. Pouco depois, as amigas da jovem suspeitaram e tentaram abrir a porta, mas ela estava trancada. Minutos depois, o docente saiu do quarto. A estudante foi encontrada nua, desorientada e chorando.

No dia seguinte, ele a procurou e sugeriu que tomasse a pílula do dia seguinte. A jovem, incentivada pelas amigas, denunciou o caso à direção da UFMS. A universidade, no entanto, não abriu investigação e optou por manter o professor em sala de aula.

Só agora, com a condenação, a reitora Camila Ítavo determinou o afastamento do docente e anunciou a criação de uma Comissão de Processo Administrativo Disciplinar para investigar a conduta do professor. A decisão anterior da UFMS, que arquivou a denúncia em 2016, será revista.

O anúncio tardio gerou indignação entre ex-alunos da instituição. “Até hoje lembro da sensação horrível de saber que uma colega passou por isso sem que a universidade tomasse qualquer medida”, escreveu uma ex-estudante nas redes sociais. Ela alertou sobre a relação de poder entre professores e alunos, reforçando que certos comportamentos podem ser sinais de abuso.

Além da pena de 8 anos de prisão, o professor terá que pagar R$ 30 mil por danos morais à vítima, que ainda faz acompanhamento psicológico. Como a condenação ocorreu em primeira instância, ele ainda pode recorrer. A defesa do professor não foi encontrada para comentar o caso.