Lula falava sobre aproximação com o Congresso quando, diante de Hugo Motta, presidente da Câmara, e Davi Alcolumbre, presidente do Senado, soltou a frase: “Coloquei essa mulher bonita para ser ministra de Relações Institucionais”. A “mulher bonita”, no caso, é Gleisi Hoffmann (PT), nova responsável pela articulação política do governo.

O comentário, feito no Palácio do Planalto durante o lançamento do Programa Crédito do Trabalhador, soou como mais um daqueles improvisos típicos de Lula. O presidente tem insistido na ideia de que precisa estreitar laços com o Congresso. Nos bastidores, deputados e senadores, principalmente os de partidos do Centrão, reclamam que o acesso ao Planalto tem sido restrito e que as negociações não fluem como gostariam.

“Eu não quero mais ter distância entre vocês. Não quero mais que ninguém ache que o presidente da República está distante do presidente da Câmara e do presidente do Senado”, disse Lula no evento.

A nomeação de Gleisi Hoffmann para a Secretaria de Relações Institucionais veio justamente para tentar resolver esse problema. O cargo já foi ocupado por nomes como Alexandre Padilha, mas a avaliação dentro do governo era de que a articulação política precisava de uma reformulação. Gleisi, que tem experiência na função e trânsito na base petista, assume a missão de conter desgastes e melhorar a relação com o Congresso.

O comentário de Lula gerou reações distintas. Para aliados, foi apenas uma brincadeira do presidente, que costuma usar um tom mais informal. Para críticos, mais uma fala que reforça a dificuldade do governo em se comunicar. O que ninguém discorda é que, brincadeira ou não, o desafio de lidar com o Congresso segue enorme.