O teatro sempre fez parte da vida de Karine Araújo, 24 anos. Agora, o palco dela será um dos mais cobiçados do país: a Escola de Arte Dramática da USP (EAD/ECA/USP), instituição referência na formação de atores na América Latina. Karine está entre os 20 aprovados no processo seletivo de 2025, que teve 400 candidatos na disputa.

A trajetória até lá exigiu talento e disciplina. A seleção aconteceu entre dezembro e fevereiro, em três fases eliminatórias. Primeiro, 120 foram classificados. Depois, apenas 50 avançaram. Por fim, vieram os testes finais e as 20 vagas definitivas. “Sabia que a concorrência era grande, mas desta vez me senti pronta”, conta Karine.

Ela credita a conquista ao apoio de amigos e à companhia de teatro OFIT, onde atua há anos. No processo seletivo, apresentou cenas de "Mata Teu Pai", de Grace Passô, e "Santa Joana dos Matadouros", de Bertolt Brecht, além de debater o livro "O Corpo Encantado das Ruas", de Luiz Antônio Simas.

O desejo de ser atriz surgiu em 2014, quando assistiu a "Central do Brasil" e ficou impactada pela atuação de Fernanda Montenegro. Desde então, enfrentou os desafios do teatro sul-mato-grossense, onde a morosidade nas políticas públicas é um obstáculo constante. “Muitas vezes, dependemos de editais para nos manter, mas a troca e o aprendizado em grupo são minha maior motivação”, diz.

Agora, além de se preparar para o novo desafio em São Paulo, Karine busca conciliar os ensaios na OFIT. No repertório, ela protagoniza o monólogo "Groselha" e divide o palco em "Todo Redemoinho Começa com um Sopro". “Campo Grande sempre será minha casa. Vou organizar minha agenda para seguir com os projetos daqui”, afirma.

Ansiosa com a nova fase, Karine vê sua conquista como um reflexo da potência cultural de Mato Grosso do Sul. “Quero representar nosso estado da melhor forma possível”, finaliza.