Luighi sugere exclusão do Cerro Porteño da Libertadores sub-20 por caso de racismo
Para jovem atacante, manifestações escritas e 'cartinhas' de Conmebol e CBF não são suficientes para que agressões raciais deixem de ocorrer nas arquibancadas
FUTEBOLVítima de racismo por parte de um torcedor nas arquibancadas do Estádio Gunther Vogel em partida entre Palmeiras e Cerro Porteño pela Libertadores sub-20, Luighi revelou que denunciou a agressão às autoridades em campo, mas sem obter as respostas que queria. Segundo o jovem atacante, ele foi falar com o árbitro e policiais sobre e só foi lhe recomendado sair de campo. Por conta disso, quer medidas drásticas, como a exclusão dos paraguaios do torneio.
Emocionado após o jogo, deu uma entrevista, chorando, que repercutiu no mundo e, agora, criticou as "cartinhas" de CBF e Conmebol prometendo atitudes. Para o jogador, as mudanças só ocorreriam se afetasse o calendário e participações em campeonatos do clube envolvido.
O Cerro Porteño, punido em US$ 50 mil (cerca de R$ 289 mil em conversão direta) e portões fechados, enviou, justamente, uma carta à presidente do Palmeiras, Leila Pereira, desculpando-se pelo ocorrido e prometeu contribuir nas investigações para identificar o torcedor responsável.
Luighi, no entanto, não acredita que essas manifestações, por parte de clubes e entidades, sejam suficientes. "A gente está cansado de cartinha de Conmebol e CBF falando que vai mudar e nunca muda. Duvido que se eles fossem excluídos de uma Libertadores, se fariam de novo. Não ia fazer", ressaltou em entrevista ao Esporte Espetacular, da Globo.
O jogador revelou que foi "ignorado" ao denunciar o caso para as autoridades em campo. "Falei com o árbitro, falei que me chamaram de macaco", relembrou, contando sobre como o juiz reagiu em seguida. "Ele só pediu para eu sair do campo, parecia que não ligava para o que aconteceu." Os policiais designados para o confronto, segundo o atleta, também não reagiram. "Infelizmente, não fizeram nada", pontuou.
"Tava muito triste. Vou me lembrar desse dia para o resto da minha vida", lamentou. De fato, Luighi saiu transtornado de campo e ficou ainda mais incomodado por não ter sido questionado pelo repórter de campo sobre o caso de racismo. "Tenho muito orgulho da minha fala (em que interpela o repórter e revela a agressão). Fui muito corajoso e forte. Peço que as pessoas sejam fortes para falar e não deixar passar batido", acrescentou.
O presidente da Fifa, Gianni Infantino, disse que o caso já chegou ao conhecimento da entidade máxima do futebol mundial e prometeu atitudes drásticas. Em nota publicada nas redes sociais, declarou que o compromisso na luta contra o racismo vai "além das palavras". "Continuamos a implementar medidas rigorosas, reforçar sanções e expandir os programas educacionais para erradicar a discriminação", escreveu o dirigente.
Inspirado por Vinícius Júnior, hoje um dos maiores personagem das causas contra o preconceito no esporte, Luighi disse ainda que essa será uma de suas "bandeiras". "Ser como o Vini, corajoso para, se um dia acontecer de novo, eu ter essa coragem de falar", prometeu o atacante.